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18.12.06

FÉRIAS

As férias chegaram (ou nós que chegamos até elas? dúvida mortal) e com isso acredito que meu cérebro também esteja requerendo férias e por isso o blog ficará sem atualizações pelo menos até o ano-novo (ou seria novo ano? outra dúvida mortal).
Bom, sei que ficarão, todas as milhões de pessoas que acessam o blog diariamente, ávidas para ler todas essas coisas que escrevo nele, as quais são fundamentais e, por isso, imprescindíveis para a sobrevivência do ser humano na Terra, muito chateadas e tristes por não ter nada de novo nele.
Mas, pelo bem do bem-maior ao meu cérebro (bem do bem-maior! o que seria isso? algo como "pelo bem da nação" ou coisa que o valha?) e pela preservação do mesmo (ou seria "conserva"? Já que meu cérebro está hermeticamente guardado em minha caixoleta?) ficarei sem pensar (pensar? que? ãhn?) em nada para postar aqui nesse espaço virtual.
Ah! mas não fiquem tristes nem preocupados, caros leitores, é apenas um "stand by", não um desligamento. De quem? Do que? Respondo: do cérebro e do blog.
Então, até janeiro (Ou não, né? Nunca se sabe! O que você está dizendo? Calma, estou brincando. Com isso não se brinca! Mas as possibilidades estão aí, é inegável! Sim, mas é melhor não ficar pensando nisso! Não estou pensando! Não? Então como está escrito? Por acaso foi escrito sem se pensar? Talvez, falei que meu cérebro estará em férias! Falou, e daí? Daí, que foi apenas uma constatação, o que não quer dizer que eu queira isso! Isso, o quê? Esquece... boas férias para você também!)
Bom, após esse diálogo-monólogo entre minha consciência-cérebro-instintiva com ela mesma, deixo aqui um forte abraço e desejos de bom final de ano para todos. Ah, também desejo um bom começo de ano para todos, afinal, não teria graça ter um bom final de ano e um péssimo início do ano seguinte, não é mesmo? ;)
ABRAÇO! Fim ponto

30.11.06

Vício, compulsão, ou nada disso?

Acordou naquele dia sentindo-se estranho, mas com a certeza de que havia dado um passo importante em seu autoconhecimento, e que lhe permitiria tornar-se um ser humano melhor.
Mas, afinal, o que foi que aconteceu? Admitira para si o que já para alguns de seus amigos não era novidade: era ele viciado em escrever. Escrevia de tudo um pouco, desde um diário, o qual não era necessariamente “diário”, contos, crônicas, poesias... Enfim, escrevia o que tinha vontade de escrever.
Seu estado era tal que chegara ao ponto de acordar no meio da noite, de sobressalto, ligar a sua inestimável luz de leitura, à cabeceira da cama, e abrir seu caderno em busca de alguma página em branco, para escrever, não importa o que fosse.
Queria mesmo era ver sua letra rabiscada no papel, o que muitas vezes era produtivamente bom, pois, não raro, elaborava bons textos, e em outras servia apenas para saciar sua vontade irreprimível de escrever.
Mas, ultimamente, sua compulsão viciosa pela escrita estava causando-lhe preocupações, pois já estava começando a “pensar escrito”, ou seja: o que pensava ou dizia, ele “via” como se estivesse escrevendo-as no papel (ou no computador, ou na máquina de escrever...), visualizando em sua mente a pontuação, parágrafos, grafia, regras gramaticais, etc.
Estado realmente preocupante este em que se encontrava.

Outro grande passo: o segundo.

Após admitir tal vício, sua decisão foi a de participar de um grupo de, como ele, viciados em escrever, o “Anônimos Viciados em Escrever”, mais conhecidos pela sigla “AVE”.
Era chegado o grande encontro: o primeiro dia, a primeira reunião no AVE.
Chegou ao local das reuniões. Entrou na sala. Sentou-se. Foi saudado com um caloroso “boa noite, seja bem vindo”, de todos os seus novos companheiros, seguido de uma salva de palmas.
Uma das presentes, que estava à frente, em pé, anunciou o novo AVE – modo como chamavam uns aos outros os integrantes do grupo de apoio – e discursou sobre a importância do grupo na recuperação dos viciados em escrever; dos resultados do tratamento, que buscava ajudar as pessoas viciadas nesse terrível mal: escrever.
Ao final de sua apresentação de boas vindas a mulher convidou o novo participante – o novo AVE – a dar o primeiro passo rumo à libertação definitiva do vício de escrever, e disse-lhe: “escreva alguma coisa”.
Sem entender nada, mas feliz por poder escrever algo e ter a chance de poder fazer cessar os primeiros sintomas da abstinência da escrita, pegou o papel e a caneta que lhe foram alcançados e escreveu, deliciosamente, com todo o prazer que isso lhe proporcionava, um texto intitulado: “Vício, compulsão, ou nada disso?”

______
Por Marco Vicente Dotto Köhler.

24.11.06

Em outro telefonema...

ligo para a empresa "sei-lá-o-quê-logística-ltda" e pergunto:
"alô, gostaria de falar com o responsável pelo setor de logística"
"pois não, só um minuto"
"tãlãã lã lã laã lã lã lã, talã lã tã..."
"responsável pela logística, em que posso lhe ser útil?"
"oi, é que sou estudante universitário e preciso urgentementemente de seus serviços"
"ah! um estudante, o futuro de nosso país"
"é,.... dizem" (já um tanto constrangido)
"mas, me diga, qual o seu problema?"
"bom, quero fazer uma tabela de faltas às aulas, de forma que eu falte uma matéria por semana, de forma alternada em todas elas, já com a previsão de limite de faltas e dias de prova, aos quais não poderei faltar, sendo que são vinte semanas e posso faltar cinco dias por matéria..."
"é brincadeira, não, senhor estudante?"
"não, estou falando sério"
"e eu pensando que estava falando com o futuro do país"
"mas..."
"que insulto! tchau!"

silêncio, fone no gancho... túuu túuu túuu túuu túuu"

14.11.06

Enquanto isso...

ele atende ao telefone:

- Alô?
- Alô, aqui sou eu, e aí, é tu?
- sim...
- porque tu me ligou?
- Não, eu não liguei, tu me ligou.
- Eu?
- Sim...
- tu não é tu?
- sim..
- Então, se tu é tu e foi tu quem ligou...
- Não, não fui eu...
- E quem foi então?
- Tu!
- Então!! Se tu é tu e foi tu quem ligou!
- Quem está falando?
- Eu, e aí?!
- eu!
- “Eu”? como assim "eu"? Não mesmo! eu sou Eu, tu é Tu!
- sim, mas foi tu quem ligou!
- viu só? Tu mesmo está dizendo que foi Tu quem ligou!
- não, não estou dizendo!
- Hipócrita! Mentiroso! Tchau!
tú tú tú tú tú tú tú tú!

_______

Por Marco Vicente Dotto Köhler

8.11.06

Até logo, nunca mais.

Depois de muitas trilhas trilhadas, o tesouro adormecido
repousa em uma fria caverna, em que adormecem
sonhos eternos, e distantes, dispersos em fagulhas intermináveis,
pairando sobre andarilhos rumando sem rumo algum,
norteados por lembranças nebulosas, constantes,
intensas, cravadas até os ossos na carne da alma trôpega em
luta presente com o amanhã incerto da aurora fria e vazia que
arma-se no horizonte, nunca antes tão distante ao toque impreciso
das esperanças precisas de quem batalha a cada passo e daria
até a última gota de sangue por apenas
um momento a mais contigo.


______
Por Marco Vicente Dotto Köhler

1.11.06

À vontade, liberdade!

Um rapaz muito inteligente, porém muito introvertido, começou a observar melhor o mundo, tanto o que via pela televisão e lia nos livros, jornais e revistas, quanto o mundo que o cercava: pessoas na rua, em suas casas, no que era observável da rua ou em visitas a amigos e a parentes, colegas de trabalho, as pessoas nos mercados e em outros estabelecimentos.

Enquanto observava tais situações e pessoas, prestava atenção ao que se passava consigo e a relação entre ambos: em que situações ficava nervoso, calmo, aparentemente calmo; quando seu coração disparava e quando quase parava; o que o fazia suar ou sentir calafrios; e quando podia ser ele mesmo, sem disfarces, ficar à vontade, sem se policiar.

Ao ficar mais perspicaz em tal “tarefa”, se deu conta de um sinal, ou sintoma que indicava com quais pessoas ele podia ou não ser ele mesmo, sem máscaras, sem “photoshop”: peidar, liberar os gases resultantes da digestão, algo que todos fazemos, mas, mesmo assim, provoca constrangimentos, era, para ele algo que não provocava tal constrangimento.

Pois bem. Após essa explanação / familiarização com a palavra, vamos ao cerne da questão: o sinal, sintoma que revela em quais situações ou com quais pessoas ele se permitia ser ele mesmo, era o “peidar”, mas não somente peidar. Não! É mais complexo. É um conjunto formado por “peidar”, somado a “não constrangimento” e a “não se desculpar”, em suma, sem “peso” na consciência.

Após tal descoberta, passou a peidar na presença de seus pais, da sua namorada, dos sogros, dos colegas de trabalho e amigos.
Peidava e sentia-se feliz por estar na presença de pessoas tão amadas que ele se permitia tal ato, constrangedor na visão preconceituosa da sociedade.

Peidava e sorria. Não um sorriso sacana, de quem peida e se satisfaz ao fazer outros se irritarem, ah não! Sorria um sorriso singelo, quase de ternura, e, em muitas ocasiões, após consumar tal ato “libertador”, dizia: “FUI EU!” e completava: “e o fiz porque amo vocês!”, ou então: “fui eu, e o fiz por sentir-me tão bem aqui!”. Esses são apenas dois dos muitos comentários dessa natureza.

Enquanto ele fazia seus comentários, satisfeito, algumas pessoas, ou por não o compreenderem, ou por não estarem acostumadas àquilo, reclamavam. E ele, sempre sorridente e calmo, replicava: “por que você está tão irritada?” “é tão simples!”. Mas de nada adiantava.

Um certo dia entrou em uma sala, fechou a porta atrás de si, e peidou. Mas peidou, “glamourosmente”, um peido magistral, não muito estrondoso, não muito demorado, um tanto cadenciado, pode-se dizer. Enfim, uma verdadeira obra de arte, uma declaração de carinho – claro que essa é a visão dele.
Ao finalizar sua obra, olhou para frente, confiante, sorrindo aquele sorriso, típico dessas ocasiões especiais, e, com um brilho sereno e denso no olhar e de braços abertos, como que virtualmente abraçando seu homenageado, disse: “estou tão feliz, sinto-me tão bem, tão à vontade, que vim até aqui para peidar o melhor peido que já peidei; minha obra-prima. Tudo em homenagem ao senhor, que sempre foi tão justo comigo, sempre reconheceu meus esforços: Sr. Presidente da empresa, muito obrigado pela promoção. Desculpe-me por tal lisonja, não quero parecer puxa-saco, mas o mínimo que eu podia fazer era isso: vir aqui e peidar, pois agora me sinto realmente parte dessa empresa, sinto-me à vontade”.

Ao terminar seu discurso, virou-se, abriu a porta e saiu da sala, seguindo pelo corredor, peidando para cada colega que encontrava, satisfeito.

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Por: Marco Vicente Dotto Köhler – 22 de julho de 2005.

25.10.06

Reencontros futuros

Queimei poesias, rasguei sonhos.
Não tenho mais planos,
Esqueci o que é rumo.

Há sombras, há noite, deserta.
Vozes ressoam planos passados
Ao reencontro futuro, que não mais haverá.

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Por Marco Vicente Dotto Köhler

14.10.06

O lanche do estagiário

Estava o estagiário Pedro em uma pequena sala do escritório, reservada para que fossem ali guardados os objetos pessoais e também era ali o local do lanche.

Acabara de abrir um pacote de bolachas salgadas, dessas que vêm em três fatias emendadas, com picotes para facilitar o desmembramento das partes de cada fatia. Havia comido duas.
Para acompanhar, tomava café-com-leite, que completava com café-preto para ficar mais forte.

Nesse dia o seu chefe,Emanuel Francisco, estava mais sério do que costumava ser. Tinham eles uma boa relação,se davam bem.
Chico, como chamavam o chefe, era uma pessoa tranqüila, sem estresse, mas estava sério e compenetrado naquele dia por ter um trabalho urgente para terminar e não havia mais prazo: era para dali a algumas horas.

Pedro, sabendo disso, pensou em reduzir um pouco a tensão do seu chefe – “o ‘patrão’ é gente boa”, sempre dizia o próprio estagiário -, e resolveu levar para ele alguns biscoitos salgados, daqueles que estava lanchando.

Entrou na sala, sem bater à porta para não atrapalhar e porque Chico o dispensara há tempos de tal formalidade. Fechou a porta com igual cuidado. Andou dois passos, virou-se e parou em frente à mesa deste, à direita da porta de onde viera.

O chefe o viu, mas de tão atarefado não desviou o olhar do monitor do computador, dizendo apenas um amigável e apressado “oi”.’
Pegou, então, o estagiário, duas das crocantes bolachas, colocou-as na boca, mastigou um pouco, apenas para quebra-las e disse, demoradamente, de frente para o chefe, em alto em bom tom: “FFFffaroffFFFAA!”

A mesa, algumas folhas de anotações e documentos que estavam em cima, o teclado, bem como parte dos cabelos, das mãos e do alinhado terno do chefe ficaram cheios de farelo de bolacha, saídos diretamente da boca do estagiário.

Emanuel Francisco, sem entender o que se passara, olhou para Pedro, que estava com um semblante tranqüilo, quase sorrindo, e disse, sem raiva: “o que é isso? tu é louco?”. O chefe não parecia odioso, nem nada assim, estava estarrecido,apenas, sem compreender o que havia acontecido.
O estagiário, então...
- mais café?
- o quê?
- mais café? – perguntou a secretária, que estava ao lado de Pedro, na salinha do lanche.
- não, obrigado – respondeu o estagiário.

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Por Marco Vicente Dotto Köhler.

8.10.06

Desentendimento...

Estava ele com os amigos no barzinho, relaxando e tomando chá de maçã com canela, enquanto alguns bebiam chá de flores do campo e outros aproveitavam o de frutas vermelhas, após um exaustivo jogo de xadrez, quando algo vibrou em cima da mesa, fazendo o líquido em sua xícara ondular como um lago atingido por um punhado de pequenas pedras.
Era o telefone celular, implacável.
- alô?
- oi, querido, que saudade...
- oi, amor, como você está?
- estou bem, e você?
- um pouco exausto após escapar de oito xeques e três avanços da rainha e uma dezena de perigosos ataques das torres e bispos...
- mas você venceu?
- sim, consegui um xeque mate na terceira hora da batalha. – e continuou - bom, não é mesmo?
- ótimo, querido, muito bom, mesmo!
- onde você está agora, meu amor?
- no banheiro, querida.
- no banheiro?
- é, sabe como é... o chá...
- em que banheiro você está?
- como em que banheiro? No banheiro de casa.
- da sua casa?
- isso no...
- não! Eu estou no banheiro da tua casa!
- mas...
- mas, nada! Não venha com desculpas! Não agüento mais essas tuas partidas de xadrez, os chás, onde já se viu uma coisa dessas?
- mas, querida, é que eu...
- é que você, não! Não me faça ouvir isso!
- está bem, prometo que...
- você não promete mais nada! Acabou!
- não, não faça isso...
- não sou eu...
- mas você disse que acabou!
- acabou a bateria do telefone! Quando você voltar para casa, não esqueça do tabuleiro.
- ta bom, mais alguma coisa?
- não, era isso, um beijo. Te amo.
- também te amo, querida.
- tchau.

Silêncio. Não houve resposta alguma, a bateria acabara.
__
Por Marco Vicente Dotto Köhler

30.9.06

Memória... Ilha de edição

Sobre escrito de Waly Salomão, na matéria de Carlos Nader, na edição número 142 da revista Trip.

E como não lembrar do gosto do cheiro da borracha do bico da mamadeira Hilo, recheada de leite recheado de Nescau e mel, isso tudo bem quentinho, entregue na cama bem cedinho pela mãe naquelas manhãs frias em que não se quer ir pra escola, só se pensa, sonolento, em continuar ali sonolento, “soterrado” por cobertores no aconchego da cama.
Até o dia em que chegou a independência e passei, sentindo nos ombros todo o peso da responsabilidade, a acordar de manhã e ir, sozinho, até a cozinha para tomar o Nescau matinal, em uma xícara – não mais na mamadeira, uma das primeiras independências depois que já se aprendeu a escovar os dentes e a limpar a bunda sem ajuda de ninguém... Que maravilha! Que felicidade!
Mas a memória é assim mesmo... Ah! Como era bom ser criança e sonhar. Sonhar em ser adulto, ser piloto de motocross, astronauta, advogado, médico ou jogador de futebol; namorar aquela colega da escola por quem se é apaixonado – do jardim-de-infância até a universidade; dirigir o carro; sair à noite e voltar de madrugada sem ter hora para voltar...
Ah! Memória seletiva, editada sei lá por quem, provavelmente por um eu que não conheço, mas que deve ter as suas razões de ser... Graças a ti, ilha de edição, é que se olha para trás e tudo parece melhor do que realmente foi...
Por: Marco Vicente Dotto Köhler.

A vida tem o tempo.. ou não.

A vida tem o tempo. Engano.
O tempo engole a vida, num segundo mal pensado,
mal falado, mal agido: silêncio.
Escuridão.
Gélido corpo inerte: fim.

Por Marco Vicente Dotto Köhler

26.9.06

saudade... é o que fica.


Sapatos à mão e cabelos ao vento

Olhe só, aquele menino chegando com os sapatos nas mãos.
Olhe só, aquele menino chegando, com o cabelo ao vento, cobrindo os olhos.

Olhe só, como aquele menino, que vem chegando, está pálido.
De onde será que ele vem?
Será de muito longe?
Ou de tão perto que não podíamos mais notá-lo?
Ou será que ele vem de tantos lugares que nem podemos imaginar?

Ouça o que esse menino que chegou tem a dizer.
Ouça com atenção, parece importante o que ele tem a dizer.

Ouviram com atenção o que tinha ele a nos dizer?
Gravaram bem o que ele disse?
Viram, como era mesmo importante o que ele tinha a nos dizer?

Para onde será que vai aquele menino que vinha chegando,
Com os sapatos nas mãos e algo a nos dizer?

Será que ele vai voltar para o lugar de onde veio?
Parece ser longe do sol, não?

Ou será que ele irá para outro, mais quente e aconchegante?

Não sei. Não sabemos. Sei que ele partiu depressa,
Após nos dizer algo importante,
E não sabemos quando ou se irá voltar...


Por: Marco Vicente Dotto Köhler – 04/11/2005.

24.9.06

Novo início: poesias & poemas

Inicia-se hoje no "Coisas de Marco" a publicação de algumas/alguns de minhas/meus poesias/poemas.

Essa primeira chama-se:

Morena cigana

Não vou mentir, dizer que pensei em ti o dia todo.
Não posso negar: pensei várias vezes o dia todo.

Ainda não sinto tua falta tanto assim, mas sinto sua falta, sim.
Quero-te tanto, quero-te tão bem, assim, aqui junto de mim.

Não quero te prender, tão pouco te perder...
Não posso te prender aqui, tão pouco te deixar ir, assim, sem mais nem por quê...

Penso no que dizer pra ti. Não quero pensar, quero dizer.
Penso no que posso sentir por ti. Não quero pensar, quero sentir.

Penso no que penso de ti.
Penso no quanto penso em ti.

Não quero pensar.
Não me quero só.
Quero-te, só.

Por: Marco Vicente Dotto Köhler

19.9.06

A Revolta da Conclusão

Em suma, é isso! – disse a Conclusão, que resolveu não ficar por último dessa vez.
A Introdução se irritou pouco, mas logo se acalmou, convencida de que o que todos querem mesmo é a Conclusão, que, pensou ela, deve ser a mais charmosa e convincente, já que a maioria parte sem nem se despedir, ansiosos para encontrar logo com essa tal Conclusão – a irritação, que é momentânea, passara mas restava ainda um pouco de mágoa nesse desdém.
O Desenvolvimento, por sua vez, ficou irado, afinal, considera-se o mais importante de todos. Por quê – perguntou ele, já um tanto inchado pelo próprio ego, que quase transcende a própria forma. Ah! É simples: porque, em primeiro lugar, sou “ELE” – continuou, prepotente, demonstrando seu machismo. Em segundo, porque todos passam mais tempo comigo do que com os outros! A introdução só serve para chegar até mim, “o que interessa”, ou, melhor, serve para que se concentrem, pois com isso estarão livres das distrações do mundo exterior, o qual não sei para que serve, afinal, para quê o resto, se existe EU? – disse, impassível.
Já com a conclusão o papo é outro. Por mais que tente se sobrepor, no fim das contas ela é irrelevante, pois como todos sabem, o que importa sou eu, o desenvolvimento! – respirou fundo, olhou ao redor, certificou-se de que estavam todos depositando nele toda a atenção, que já era quase palpável a essas alturas, e continuou: ela, a Conclusão, pensa que é mais importante. Coitada, não entende que só está ali para que eu, “o cara”, não fique naquela periferia inferior, infestada de prolixidade de toda sorte – disse, admirando seu belo traje literal.
Por fim, a Conclusão que fique lá no início, junto com a Introdução, elas se merecem, por estarem na mesma casta. Sei que sou tão importante que sem mim elas não sobreviveriam e ninguém entenderia nada! – arrematou o Desenvolvimento, que mesmo sem a Introdução e a Conclusão, deu o assunto por encerrado.

6.9.06

É o fim do mundo!

Isso só acontece comigo! Não sei como não aconteceu antes, estava bom demais pra ser verdade! É a velha história... Depois da calmaria... E quando a calmaria é das grandes, como essa... Ih!... A tempestade é das apocalípticas.
Tudo isso pensou ele, em quinze segundos. Continuava imóvel, inconsolável; olhar distante, triste, vazio. Não conseguia entender por que o mundo era tão severo com ele. Nunca as coisas aconteciam, para ele, de maneira satisfatória.
Pensava, agora, em como reagiria, se iria estender a mão e, buscando a precisão, tentaria resgatá-la, e acabar logo com aquela situação, para ele, trágica.
Primeira tentativa... Expectativa... Nada, não conseguira.
Imagine, se conseguiria, logo eu... Resmungou ele, em um tom indefinido, entre o trágico e o sarcástico.
Segunda tentativa... Frustração. Nesse momento quase desistiu, tamanha a decepção. Mas resolveu, com força tirada não sei não sei donde, continuar, seguir, tentar mais uma vez. Sua derradeira chance.
Ah! Tava na hora! Disse, vitorioso.
Havia conseguido tirar a tampa do creme dental da boca do ralo da pia. Sim, fácil, ali, em cima do “mais” (+) misterioso, por onde acontece uma breve divisão da espuma dêntalo-cremosa que se esvai pela escuridão, após sair de nossa boca, desaparecendo pelo cano abaixo do “+” que sustentou... bravamente a inocente tampa, até que fosse heroicamente resgatada.
Agora sim, satisfeito, guardou o creme e a escova, olhou-se no pequeno espelho de moldura de cor alaranjada, pensou no quanto o mundo era cruel com ele. Chegou à conclusão de que era parte do seu destino, fatídico, pelo jeito.
Virou-se. Saía do banheiro quando, subitamente, de sobressalto, viu a cor amarelada no vaso sanitário. Era urina. Alguém havia deixado de puxar a cordinha para desencadear o processo de descida da água da caixa para o vaso, o que acarretaria levar a urina embora.
Agora, tinha que fazer uma difícil escolha: se iria ou não voltar um passo e dar a descarga. Como conseqüência desse possível ato, ter que voltar outro passo, lavar as mãos, o que implicaria secá-las.
Oh, céus! O que mais querem de mim?! Falou ele, com um sarcasmo ácido – quase corrosivo –em seu tom de voz.
E, realmente, desse jeito era ele castigado diariamente pela vida... Pelo destino... É o fim do mundo!

Marco Vicente Dotto Köhler – Imbituba, maio de 2006.

2.9.06

Mas, como pode?

Três mil e tantos cientistas decidiram que Plutão não é mais um planeta. De agora em diante é um planeta-anão.
Saíram todos satisfeitos e felizes da enorme sala de conferência.
Por favor, não se deixem enganar por esses “caras” sorridentes, afinal de contas, eles acabaram de eliminar um Planeta do sistema solar.
E, segundo fonte segura, estão com sérias intenções de eliminar mais um.

Já imaginaram o que podem fazer com meros mortais como nós? Não? Pois é melhor começarmos a nos preocupar, pois podemos acordar de manhã e, ao abrir a porta não ter mais céu e nos depararmos com a manchete no jornal: “Cientistas resolveram que o céu não existe”. Pode ser exagero, sei.
E se eles determinassem que o nome da água não é mais água, mas álcool etílico, teríamos todos cirrose?

Então, digamos que eles deixem o céu e a água do jeito que estão, mas determinem, por exemplo, que de agora em diante a Terra não é mais Terra, e sim Lua. Seríamos então todos lunáticos?

É, será que são os deuses cientistas, e não astronautas como defendera Erik Von Daniken no mundo pré Plutão-anão? Quem pode saber?

Na dúvida, é melhor ficar atento, pois, se eles entenderem que você não existe, ou que você não é você, isso pode não ser muito bom. Principalmente para você.

29.8.06

O mundo não é mais o mesmo.

Na noite anterior, ao deitar-se, sentiu algo estranho, como nunca havia sentido antes. Sempre deixava aberta a janela do seu quarto, no terceiro andar de um prédio de um pequeno condomínio residencial.
Gostava de ver o céu, as estrelas... Não entendia como o homem podia se julgar a sós nesse universo tão vasto, cheio de mistérios. Teorias. Pensava serem mais próximas de uma possível “verdade” as teorias que lera certa vez no livro “Eram os Deuses astronautas?”, cujo autor não se recordava. Mas o admirava.
Naquela noite, porém, não conseguiu deixar a janela aberta. Algo havia mudado, mas ainda não compreendia o quê, mas sabia que daquele dia em diante sua vida não seria mais a mesma. Nunca mais.
A noite passou.Acordou. Levantou-se da cama, foi ao banheiro. Em frente ao espelho não conseguia se reconhecer. Também não sabia o que havia mudado. Mas havia. Assimilar era questão de tempo.
Tomou o café da manhã. Saiu do apartamento. Desceu as escadas. Tudo aparentava uma certa normalidade, mas, desconfiado, preferiu manter-se atento e cauteloso. Tinha razão em ficar alerta. Mal sabia o que o aguardava além porta do prédio.
Sentiu um arrepio na nuca, como se alguém tivesse assoprado-lhe levemente. Pensou por um segundo e resolveu olhar para trás para certificar-se de que não havia ninguém ali. Virou-se e olhou, enquanto abria descuidadamente a porta à sua frente. De fato não tinha ninguém no corredor, atrás dele, mas, ao olhar para frente, já com a porta aberta, ficou sem reação. Imóvel. Estático. Pasmo. Estarrecido, enfim.
O que via diante de si não podia ser verdade. Não podia acreditar. Mas acontecera.
Mesmo com a reunião de mais de três mil dos mais bem capacitados cientistas do mundo todo para solucionar o problema, não fora possível evitar o triste fim. Era o caos: seu mundo ruíra. Não havia mais o que fazer, senão aceitar o que o destino lhe impusera sem dó nem piedade: “Plutão não era mais um planeta”, dizia a manchete, e, abaixo “é considerado agora um planeta-anão”.
Como viveria de agora em diante, sabendo que Plutão não é mais um planeta, mas um planeta-anão? Não sabia. Ninguém poderia saber.Mas tinha certeza de que a vida no planeta Terra nunca mais seria a mesma, nem para ele, nem para qualquer outro dos seis e tantos bilhões de habitantes após esse fato de vital importância.

26.8.06

Lembranças de minha infância querida...

...De minha maluquice agora expandida...

Lembro quando, na aurora (não o frigorífico) dos tempos de minha vida tinha de receio de ter cabelo no saco e embaixo dos braços, por temer morrer de calor.
Lembro de quando não entendia por quê a nota vermelha era sempre preta, e, de vermelho, nada tinha.
Lembro de quando o cheque furado estava inteiro, o borrachudo não esticava e o voador não voava. Que decepção.
Lembro de quando a conta do banco estourava, mas quando lá chegava, estava tudo inteiro, sem fumaça nem destroços... Oh! Mistérios!

Lembro da rua sem fim, que para mim era a única que terminava.
Lembro de quando eu era o Romário, o Bebeto, Dunga ou Taffarel, jogando bola descalço num campo de terra.
Lembro de quando dormia; de quando acordava; de quando o dia era longo, de quando o natal nunca chegava... Ah! Entenda-se Einstein!

Lembro de quando rezava à noite deitado na cama, e Deus só me ouviria se eu estivesse com os olhos pro teto, pois se estivesse de bruços, quem me ouviria seria o diabo... Quanto formalismo!
Lembro de quando não gostava de dormir com as meias nos pés pois lembrava de uma música em que o cantor iria dormir de meias pra virar burguês. Lembro que nunca entendi isso direito.

Lembro de quando queria ser mais velho para largar a bicicleta, dirigir carro e ir para as festas. Agora só queria economizar gasolina, imposto e seguro, subir na bicicleta e pedalar o dia todo, sem ter hora para sair nem para chegar!
Lembro de quando, para mim, não havia economia nem inflação, só tinha mickey, pateta e bicicleta, bola e na televisão não tinha edição nacional nem linha direta.

Lembro do que eu lembrava que não queria esquecer, e já não sei mais o que é.
Lembro do que quero lembrar do que lembro do ontem que agora é mais ontem, do amanhã que será hoje, será passado. Ou nunca será.

17.8.06

Conto - II

Mas...

Viu-a, pela primeira vez em frente a uma estante em um corredor de uma livraria.
Ele, procurando, ansiosamente por um determinado livro, que há muito desejava.
Ela, tranqüilamente, de pé, lia na contra-capa de um livro de cor branca a sinopse do que continham aquelas páginas.
Sem dar muita importância àquela moça, foi embora sem ter encontrado o desejado livro.
*
Já havia ele quase terminado de comer o pastel. O café, com creme e pouco açúcar, estava à meia-xícara. Ela sentava-se à uma mesa próxima, sem vê-lo.
Observou-a desde o momento que adentrava no estabelecimento. Acompanhou seus movimentos, a difícil escolha entre o pão-de-queijo e a massa folhada de frango e catupiry. Decidiu-se e, num movimento certeiro, pegou o sanduíche natural. Dois passos à frente, à direita, estavam as bebidas aguardando a escolha. Esta foi fácil: foi direto ao natural suco de laranja extraído de uma máquina transparente.
*
Ele, agora, que já havia comido o pastel, elogiava mentalmente as mãos que fizeram aquela massa e prepararam o pastel, recheado por um ótimo queijo.
Enquanto aguardava o troco, ela ajeitou os cabelos, conferindo o resultado vendo-se em um vidro que continha o nome da cafeteria em letras imitando a grafia humana e um desenho de uma xícara, feitos a jato de areia, preso à parede, atrás da balconista, que lhe alcançava o troco, colocado na bolsa sem ser conferido.
*
O café já estava quase no fim, mas ainda quente. Bebeu-o, sentindo o gosto nos lábios um pouco lambuzados de creme, retirado com um hábil movimento da língua.
Já sentada, distraída, à mesa com lugar para quatro pessoas, que poderiam dispor-se em dois pares, um frente ao outro. Mas ela estava sozinha.
A cafeína já estava no sistema nervoso central quando ele teve um insight, um estalo, uma visão, e pensou, balbuciando até: Claro! É o destino! Só pode ser!
Levantou-se, decidido, certo do que o aguardava. Foi até a mesa dela, aproximou-se devagar, olhou-a.
*
Ela, percebendo aquele estranho à sua frente, ficou olhando para ele, e quando ia falar-lhe algo, ele disse:
- Foi o destino! Sempre soube que esse momento iria chegar... só pode ser isso!
- Mas... – tentou indagar ela, sem que ele a deixasse terminar o que mal começara a dizer. Ele acrescentou:
- Era como eu imaginava que seria. Você, eu... os sinais... as coincidências... o universo conspirando a favor, nos unindo... Não... Na verdade acho que não!
- Mas... – Tentou ela mais uma vez.
- Não, moça, nem precisa dizer. Já sei. Pra ser sincero também desconfiei... Ah! Tinha razão aquele pinguinho de dúvida... Não poderia ser! Desculpe o inconveniente, tenha um bom dia, e aproveite o sanduíche... Se houver apetite, experimente o pastel de queijo, está muito bom, mesmo.
- Mas...
Antes que ela conseguisse dizer, ele já havia saído, rapidamente por entre as mesas, chegando à porta, depois à rua e misturando-se entre outros transeuntes solitários e seus destinos tortos.
- Mas... – Pensou ela, sem conseguir concluir o que pensava...

11.8.06

Evolução do balcão

Hoje estava fazendo meu lanche no intervalo da aula e me dei conta de algo: o mundo é bem mais engraçado do que parece, é só prestar atenção.
Assim como nas tabernas de bem antigamente, essa lanchonete fica abaixo do nível da rua e do pátio da universidade e isso me fez pensar em nossa evolução: àquela época, as pessoas se reuniam para comer e beber em bares subterrâneos... hoje em dia, também;
àquela época as pessoas sentavam em mesinhas distribuídas pelo espaço do estabelecimento... hoje em dia, também;
àquela época as pessoas saíam do serviço (pesado) e iam para uma taberna, para relaxar, encontrar amigos, companhia, e gastar o dinheirinho tão suado... hoje em dia, também.
Entre outras coisas, essas eram algumas coisas que ocorriam há alguns séculos... e hoje acontecem da, mesma forma.
Nada mudou?
O que mudou é que a luz não é mais a da vela, mas a da lâmpada; o balcão não mais é de madeira de qualidade, mas de fórmica; a bebida, servida à temperatura ambiente, hoje é (normalmente) servida gelada;
Enfim, o que evoluiu foi o balcão, que hoje em dia tem uma calculadora moderna, um aparelho conectado a um sistema de cartões de crédito.
Mas, esperem, não é só isso, não! Ah! mas não mesmo! Há outros balcões, esses nem sonhados àquela época: a) o incrível balcão onde ficam os lanches, conservados quentinhos e saborosos; b) o surpreendente balcão que mantém as bebidas frias, geladas até; c) o balcão que contém uma máquina mágica em que só é preciso apertar um botão e esperar o café sair embaixo, quente e delicioso;
Bom, basicamente são essas as mudanças. As pessoas, sim, elas também mudaram: hoje em dia elas se sentem mais humanas que àquela época. E só.
É, realmente, o mundo é bem mais engraçado do que parece ser, basta observar bem. E rir.

25.7.06

Conto...

A partir de hoje vou publicar também alguns contos de minha autoria. Espero que as pessoas que lerem digam alguma coisa. Não se acanhem. Podem criticar; sugerir; comentar; e até elogiar, se for o caso.
Aí está o primeiro deles:
Outro lugar qualquer
O garoto saiu da casa de sua namorada. Despediram-se, na calçada, em frente ao portão, e então ele iniciou sua volta para casa.
Havia percorrido pouco mais de uma quadra quando passou por ele um táxi. Nada demais não fossem as cores do carro – preto com teto verde-água e letras em branco – estranhas às cores dos táxis de sua cidade. Parecia até ser de outro país. não deu muita importância a isso. Continuou caminhando.
Um pouco à frente viu um senhor lendo um jornal na varanda de uma casa, que parecia ser dele. Era um jornal que o garoto não conhecia, viu a manchete mas não conseguiu entender o que leu, pois era escrito em um idioma estrangeiro, incompreensível para ele. Estranhou um pouco, franzindo a testa, pensativo. Manteve o rumo de casa.
Já na quadra seguinte, encontrou um grupo de pessoas que seguiam em direção oposta à dele conversando em voz alta, quase aos gritos, e rindo. Mas não estavam falando a língua do país do garoto e por isso ele não entendeu nada, mas imaginou que fosse o mesmo idioma do jornal que vira aquele senhor lendo um pouco antes.
Um pouco confuso, voltou à casa de sua namorada, apertou o botão do interfone, aguardou resposta. Alguns instantes depois ouviu uma voz e reconheceu-a imediatamente. Era a sua namorada. Mas não foi possível entender o que ela dizia pois parecia estar falando o mesmo idioma daquele grupo que havia encontrado há pouco.
Perplexo, e sem dizer uma palavra em resposta à voz que ouviu pelo interfone, deu meia-volta e retomou o caminho de casa.
Seguiu pelas mesmas ruas que havia passado antes, mas desta vez sem ver ninguém, nem o sr. do jornal ou mesmo outro táxi.
Poucos minutos depois estava chegando em casa. Os cachorros o receberam com festa, mas ele não entendeu o que queriam dizer com aqueles latidos. Nunca antes havia entendido.
Entrou em casa, ligou algumas luzes, abriu uma garrafa térmica, que continha o café que havia preparado há algumas horas, encheu uma xícara, foi até a sala e sentou-se à frente da TV. Com o controle remoto do aparelho na mão e a xícara na outra, hesitava entre ligar a TV ou levar à boca a xícara.
Pensou e, com medo de na TV também estarem todos falando aquele estranho idioma, decidiu não ligá-la, deixou a xícara na mesinha, ao lado, e foi dormir.
Talvez de manhã, quando acordasse, tudo já teria voltado ao normal e assim ele poderia novamente entender alguma coisa.

Marco Vicente Dotto Köhler – todos os direitos reservados.

17.7.06

Aprenda inglês com Jackie Chan


Para aprender inglês com Jackie Chan é preciso ter o sistema "closed caption" na sua tv. Esse sistema "mostra" o áudio original de alguns programas de tv na forma de legenda.
O desenho animado do Jackie Chan, que passa no programa da Xuxa, na Globo, disponibiliza esse sistema, sendo possível ler as falas no original - em inglês - enquanto ouve a dublagem - tradução - em português.
Portanto, basta utilizar o closed caption da sua tv para aprender inglês enquanto se diverte com as doidas aventuras de Jackie Chan.

15.7.06

Mentes Poluídas

Associação Mentes Poluídas do Amanhã
Foi declarado, pela Presidente, em 09 de julho de 2006, no blog Universo Bizarro, fundada a Associação Mentes Poluídas do Amanhã. O objetivo dessa associação é associar o inassociável para alguns e o facilmente associável para os mentes poluídas do amanhã, desconfundir o confundível e desobviar o óbvio. Nós somos o futuro pensante da poluição mental.

Diretoria:
Presidente: JKishin
Vice-presidente: Mafass
1° secretário: Marco

Regras:
Esta é uma associação aberta. Qualquer pessoa pode se tornar um associado. As reuniões serão publicadas aqui no UniB e os textos, poderão ser publicados aqui ou linkados dos blogs associados. Aos associados é permitido escrever textos que desmistifiquem a poluição mental, que mostre as origens, o âmago das mentes poluídas. Torne-se um associado deixando seu nome e blog nos comentários.


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Abaixo está o segundo texto da AMPA:

Quem foi que disse?
“Você me mostrou um mundo novo” falou uma mulher para a outra, ambas personagens de Belíssima, novela da Globo, enquanto brindavam com champagne. Tudo isso a bordo de um belo iate, em um mar azul. Um lugar paradisíaco.
As mentes poluídas interpretaram como sendo namoradas as duas moças. O interessante é que não houve nada que justificasse tal interpretação, senão vejamos: a) não houve beijo na boca; b) não houve declaração de amor e/ou paixão; c) não houve nem uma troca de olhar mais significante, insinuando tal relacionamento; d) nem sequer estavam de mãos dadas, etc.
A idéia de que são elas namoradas é infundada. Melhor, é fundada puramente na poluição mental, eis que uma pessoa – como eram as duas – que trabalha demais, vive no estresse diário de uma grande cidade, com o pensamento constantemente ligado à profissão, sem tirar férias, ao deparar-se com um final de semana longe das preocupações diárias com o trabalho, estando em um lindo lugar, nada mais natural do que agradecer a quem a levou até lá e lhe mostrou esse “mundo novo” – sem estresse, relaxante. Mostrou que há vida longe do trabalho, nada mais.
As mentes poluídas não levaram em consideração, nem por um instante sequer, a possibilidade de não haver um romance entre elas. Claro – argumentam – se estão somente duas moças solteiras em um iate, tomando champagne e felizes por estarem lá, como pode isso não ser um romance? Como podem elas não ser um casal de namoradas? Pode, sim, mas não para as mentes poluídas.

14.7.06

O Mal do Século

O mal do século não é a solidão, como diz a canção, nem a depressão ou estresse, como já foi teorizado e estudado por especialistas...
O mal do século é, na verdade, a falta memória.
A falta de memória, causada pela sua diminuição por motivos variados, ou pelo fato de ser da natureza de certas pessoas não terem boa capacidade de memorização, ou seja lá por quê, é a causa de muitos outros males e por isso é o mal do século.
As pessoas não ficam sozinhas, sentindo-se solitárias, por ser isso um mal em si. Não mesmo. O que ocorre é que elas se esquecem de irem fazer visitas a amigos, de fazer um telefonema e matar a saudade... Enfim, esquecem-se de cultivar as amizades, e, quando vêem, estão sentindo-se solitárias e dizer ser esse o mal do século. Só não se deram conta de que o que causou a solidão é que é o mal do século: a falta de memória.
*
O estresse também é causado pela falta de memória. Já percebeu como as pessoas estão cada vez mais dependentes de secretárias, secretárias eletrônicas, agendas, bipes, etc... Pois caso contrário podem perder o emprego, esquecer a data de aniversário do irmão, do filho ou de casamento... e isso estressa muito. Mas não é o estresse o mal do século, e sim a falta de memória, que é a responsável pelo estresse.
A depressão, que comumente é causada pela solidão e/ou estresse, também é tida como mal do século por alguns. Mas o que não se percebe é que a depressão é uma conseqüência indireta da falta de memória, sendo, portanto, esta e não aquela o mal do século.
*
Pensei até em abrir uma fábrica de agendas, mas já desisti da idéia, afinal as pessoas se esquecem de marcar na agenda os seus compromissos e, quando lembram, esquecem-se de olhar nela, o que torna a agenda inútil frente ao verdadeiro - e terrível - mal do século: a falta de memória.

11.7.06

Não sou somente um.

Teoria.

Existem tantos “eu” quanto são as pessoas que me conhecem. Existem tantos “Planeta Terra” quantos são seus habitantes.
Difícil entender?
Explico. As pessoas e o mundo são como se fossem um livro: contém uma história, mas cada pessoa que lê imagina seus personagens, as descrições de uma forma diferente. Vê de uma forma diferente, mesmo sendo uma história apenas.

Cada pessoa que me conhece tem uma visão de mim. Com certeza há percepções parecidas, quase iguais, mas não haverá duas percepções exatamente iguais. Portanto, sou um para minha namorada, outro para minha avó, outro para meu pai, outro para mim mesmo, assim por diante.

Da mesma forma vejo o mundo da minha maneira, assim como cada pessoa o vê à sua.
Não há, também, percepções idênticas quanto à visão de mundo, sendo que, assim, existem tantos mundos quanto são as percepções dele.

10.7.06

Exceção da exceção

Qual a exceção da regra "Toda regra tem exeção"?
resposta: ela própria.
motivo: se ela diz que toda regra tem exceção, mas ela própria não admite exceção, então ela é uma exceção dela mesma. Simples.

15.2.06

Mais um blog

Esse é mais um blog entre outros milhares de blogs por aí. O que o difere de outros? Não sei. O tempo dirá. Espero que ele diga coisas boas, que traga sempre boas-novas.
Esforçar-me-ei para que seja um blog de boa qualidade e nada melhor que escrever para se aprender a escrever bem.
O blog será sobre várias COISAS e terá como ponto de partida a visão que tenho sobre elas. É apenas um entre vários pontos de vista - por isso "Coisas de marco!" - portanto deixe seu recado, seja para acrescentar algo, seja para criticar, escreva alguma coisa.