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11.10.11

Escritos de caderno

Já que o sono não vem, o jeito é publicar velhos escritos de velhos cadernos...

Incorrigível...

Uma coruja me observa lá fora
Observo o que se passa aqui dentro
E me flagro de novo pensando em você

A coruja voou
Eu queria voar até você

A chuva varre dos céu nossos sonhos terrenos
Escrevendo poesias inúteis fico do lado de fora
Assistindo de um camarote incômodo
Ao que acontece no mundo que gira à minha frente

Sou viciado em rir, porque sou triste
E há muito se confunde riso e felicidade
Sonhador incorrigível, me acostumei
A muros altos e horizontes inalcançáveis.

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Por Marco Vicente Dotto Köhler, 2000 e...

10.9.11

Atualizações para um defunto amigo

Hoje faz 7 anos que Darlan, meu primo e irmão, morreu. Sim, dizem que vamos dessa para uma melhor. Assim espero.















Foto: Maurício Haas (foto da foto e porta retrato, meus hehe)


Carta a um amigo distante (ou não)

Escrevo hoje para ti, meu amigo, para, caso não saiba, ficar por de
ntro de alguns ocorridos desde que você "zarpou", como dizia o Chico, lembrado dias atrás pelo nosso amigo-irmão Mau.
Não é uma atualização do tipo retrospectiva, da Globo, é mais pessoal, é sobre o que imagino que você realmente gostaria de saber.



Vamos lá:

em 2005, o Internacional foi, finalmente, após quase três décadas, Campeão Brasileiro de futebol, mas não levou. Teve um tapetaço, escândalo de arbitragem e um favorecimento escancarado do Corínthians, que, após escandalosa passividade da mídia, foi considerado o campeão brasileiro, sem questionamentos.

Quer dizer, até teve, na "Justiça", a favor dos interesses do Inter, que foi ameaçado de não poder participar de nenhuma competição oficial, e, pasme, revire-se mais ainda de ódio, e de, caso levasse adiante aquele "impropério" contra o todo poderoso Ricardo Teixeira e o curíntia, impediria também o Brasil de participar da Copa do Mundo da Alemanha, no ano seguinte.

Bom, 2006 foi um ótimo ano: Lula foi reeleito Presidente do Brasil, e o Inter sagrou-se Campeão da Libertadores da América, com dois jogos épicos nas finais contra o São Paulo, com direito a narração do Pedro Ernesto Denardin em que sentencia, após gol de Rafael Sóbis, que o Inter rasga e pisa na camisa do São Paulo. Épico, emocionante, simplesmente demais. Pena não ter visto aqui desse plano terreno, Darlan.

Ainda em 2006, Justiça foi feita e o Corínthians foi rebaixado à segunda divisão, com ajuda imprescindível do Inter e, para nossa surpresa, também do co-irmão Grêmio.

No final do ano, nosso amado Colorado venceu o todo poderoso Barcelona na final do Mundial Interclubes, em Tóquio. Foi espetacularmente bom vencer o melhor time do mundo, ainda mais por não deixar o gremista Ronaldinho Gaúcho manchar esse momento histórico do Sport Club Internacional.

Quanto ao Brasil na Copa... bom, melhor se não tivesse ido. Foi deprimente, de dar sono. Acabei torcendo para a Argentina e depois para a Itália.

2007.... não lembro muita coisa interessante desse ano para te contar. Ah, sim! Passei em um concurso público e agora sou Servidor do TJ em Lauro Müller, onde muita gente tem saudade de ti.

Depois disso, acho que você gostaria de ter ido ao meu baile de formatura desse que vos fala, talvez ido junto a uma viagem de bicicleta que fiz parcialmente, pois acabei voltando antes do planejado.

Em 2010, o Inter foi novamente campeão da Libertadores, vencendo o São Paulo nas semi-finais e o poderoso... não lembro, do México, na final. Foi muito bom, com direito a carreata com 3 carros em Lauro Müller (carreta essa três vezes maior que a de 2011, quando vencemos o campeonato Gaúcho, com "carreata de um carro só", mas com muito amor, barulho e bandeira hehe).

ah! Espanha campeã do mundo de futebol, com um futebol de dar gosto de ver... simplesmente moendo a pau!

O PT continou na Presidência da República, elegendo Dilma Roussef a primeira mulher Presidenta. Até agora, parece tudo nos conformes, apesar das tentativas virulentas da direita, que não se conforma....

Agora fiasco que ainda bem que você não esteve aqui para sofrer com gozações de gremistas, principalmente as que sofreria por parte do Mau, que iria te sacanear muito: o Inter foi para as finais do mundial, que é disputado com 4 times, vencedores disputam a final. o Inter perdeu para o espetacular Mazembe, do Congo, no que foi chamado de "Mazembaço" e rendeu aos gremistas o título de torcida mais feliz do ano. Pois é...

Em 2011, os EUA mataram o Osama Bin Laden e jogaram o corpo no oceano. Vai saber, né?. ah! elegeram um presidente democrata, finalmente, e é o primeiro negro da História a assumir tal posto. Espero que se reelega para ter tempo de cumprir a promessa de extinguir Guantánamo.

Resumão

Enfim: o Dani, meu primo-irmão e teu irmão de sangue, casou com a Eve, que acho que você conheceu, e nesse ano compraram uma casa e daqui a pouco ele se forma na faculdade. Tua mãe graduou-se pedagoga, dois anos atrás. O Chico casou com uma baiana muito querida, a Sil, e moram em São Paulo, em Barueri, se não me engano. a Mari casou e descasou e tá melhor agora, na minha opinião. A Débora também casou e é mamãe. o Gabri também casou e tá "xonado". o Elton casou e cobre motocross, junto com o Mau, que não casou e continua gremista! =D

Bom, acho que é desnecessário dizer que a vó Rosa morreu, pois certamente estão lendo esse texto fajuto juntos. Aproveita e manda um beijão pra ela.

O que faltou

Certamente faltou falar muito das catástrofes climáticas, de uma crise financeira que quase repetiu a de 1929, de alguns escândalos de corrupção, de malucos que entram atirando em escolas, de enormes quantidades de drogas apreendidas, enquanto o tráfico continua a aumentar seu poderio, de erros de arbitragem a favor dos clubes de São Paulo e do Rio; faltou falar do Itaquerão, do Ricardo Teixeira, do show dos membros restantes do Led Zeppelin, e de muito mais.

Constatação

Na verdade, agora que acabei de escrever, acho que os fatos a que dei mais importância não foram os que creio que tu perdeu, mas sim os momentos que eu gostaria de ter compartilhado contigo, aqui, no mesmo plano, pois sei, no fundo, que tu sabe de tudo isso que te contei e mais um pouco, e que, de uma forma ou de outra, estava aqui dando gargalhada nas horas boas, nos dando força nas ruins e trazendo calma nas horas de raiva.

Então, quem sabe, até dezembro de 2012, quando dizem que o mundo vai acabar. o problema é que vai ser tanta gente morta ao mesmo tempo que vai ser difícil te encontrar. Qualquer coisa, nos encontramos pairando onde hoje é o Beira Rio.

Um Grande Abraço, do primo-irmão, Marco.
10 de setembro de 2011.

Ps.: Darlan, me desculpe, mas, sim, Tangerine é linda, mas Stairway to Heaven mata a pau! =D

7.9.11

Prorrogador de prazeres.

Essa expressão, "prorrogador de prazeres", é atribuída ao personagem principal do filme "Vanilla Sky", de 2001, refilmagem de "Abra os Olhos", original espanhol de 1997.

Às vezes penso que também sou uma espécie de prorrogador de prazer, que gosta de adiar o prazer, curtir o momento que vem antes.
Refiro-me ao prazer latu sensu, sem restrição à provável conexão que o leitor fará com o prazer sexual.

Falo do prazer em provar um capuccino de Alpino, que há muito desejo e finalmente comprei; do prazer em andar de bicicleta após tempos impedido por algum problema físico; de jogar futebol com a bola nova que ganhei no natal passado, etc., e, também, claro, o momento anterior ao orgasmo, certamente também é de um prazer imenso, que merece considerações à parte.

Enfim, esse texto é sobre uma moto. Ter uma motocicleta é sonho antigo, que finalmente consegui realizar. Mas ainda não está realizado por completo. A moto está na garagem, paradinha, esperando pela primeira volta nas ruas com seu novo parceiro.

A causa principal de ainda não ter andado é a chuva, que não tem dado trégua. Mas estou curtindo esse clima pré-prazer, que, espero, dará ainda melhor sabor e mais gosto ao momento da primeira motocada por aí.

E você, é também um(a) prorrogador(a) de prazer?


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Marco Vicente Dotto Köhler, setembro de 2011.

17.8.11

Sinapses emocionantes...

Sempre que ouço "Hey Jude", dos The Beatles, sou invadido por uma tristeza nostálgica, de um aniversário meu.

O estranho é que lembro somente de uma imagem: eu sentado no chão da sala de nossa casa em Itapiranga, pelos idos de 1993, talvez 92, ou 91....

Enfim, a lembrança é de um momento bem estranho, em que eu estava sozinho, brincando com carrinhos que ganhei de presente de meus pais, tios, amigos... não sei ao certo se havia alguém na cozinha, ou outra parte da casa, mas creio que sim, mas era (é, ainda, na lembrança) um sentimento de completa solidão, e a música, provavelmente tocando na rádio, era Hey jude.

Estranhas essas sinapses que nos trazem sentimentos dos mais variados, que nos tomam de assalto, sem mais nem menos, às vezes através de uma música, um cheiro...

O importante, creio, é que faz parte da vida, e acaba nos lembrando de quem fomos, e como viemos parar no que somos....

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Por Marco Vicente Dotto Köhler, 17/08/2011.

13.8.11

Quando Fomos Heróis!

A época do ano era convidativa para aventuras, sonhos e desafios. Fim de ano, família reunida... tios, tias e avós, todos naquela alegria de quase fim do ano, de quase novo ano... eram almoços com muita conversa da família de descendentes de italianos, melancia no meio da tarde, à sombra da frondosa árvore no quintal da casa dos meus avós.

Mas o que importava mesmo eram os primos que vinham passear uma vez por ano, quando curtíamos a valer nossa infância, jogando futebol, andando de bicicleta ou fazendo guerra de polícia contra bandido, na marcenaria do meu avô, que ficava junto a casa, onde pequenos cubos de madeira magicamente se transformavam em granadas, onde três pedaços de madeira, encaixados, quando eram do tipo que se faz paredes, ou pregadas, mais alguns pregos extras e simplesmente sofriam mutações e viravam revólveres, espingardas ou metralhadoras, com gatilho e mira feita com pequenos pregos.

A brincadeira consistia em nos dividirmos em duas equipes, uma de bandidos, outra de policiais, e um grupo deveria ficar dentro da marcenaria e protegê-la da invasão contrária. Era demais! Simplesmente incrível.

Primeiro Ato – O Heroísmo

Talvez essa vocação de policial nos fez tentar algo de heróico em uma daquelas tardes ensolaradas de dezembro, em Itapiranga, aquela cidade cercada por morros e à beira do Rio Uruguai, na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul e com a Argentina, onde fazia um calor infernal.

Mas não nos importávamos. Embarcávamos em nossas naves movidas a pedais, com duas rodas aro 20 , que os mortais de visão estreita chamavam simplesmente de bicicleta!

Andávamos pela cidade, normalmente pela Avenida Uruguai, à beira Rio, quase sempre em grupos de em três, quatro, cinco...

Em um desses passeios, aconteceu algo inédito, que nos encheu de adrenalina: dois cidadãos largaram discretamente um saco na beira da calçada, em um lugar entre árvores e com capim relativamente alto, olharam em volta e seguiram adiante.

Nós, á distância, achamos curiosa a cena e a atitude dos dois, e paramos para conferir o que eles haviam largado lá.

Para nosso espanto, era um saco plástico contendo um pó branco, um tanto amarelado. Deixamos o saco ali, e seguimos adiante, fomos até o final da avenida, a uns dois quilômetros dali, e retornamos, pegamos aquela sacola e fomos para o quartel general: a marcenaria do meu avô, onde as indagações começaram de verdade.

O que seria? Cocaína? Heroína? Farinha de trigo? De quem era? Por que havia sido largada lá? Seria uma entrega mal planejada? Para quem seria? O que deveríamos fazer? Voltar lá e deixar onde estava? Não, isso não mais era possível, poderíamos ser descobertos, afinal, o local deveria ter sido previamente combinado com o suposto comprador... e ele poderia chegar lá no momento em que devolveríamos, o que seria nosso fim!

Segundo Ato – O Reconhecimento

Estávamos encrencados! Contaríamos a nossos pais? Certamente, não. Afinal, éramos os heróis, naquele dia.

Imaginávamos recebendo medalhas de honra por ter evitado que drogas chegassem às ruas, e quem sabe conseguiríamos desmantelar uma quadrilha de traficantes!

Depois de muito pensar, decidimos abrir o saco e tentar descobrir o que era. Abrimos com cuidado. O cheiro era forte, mas não nos era familiar. Farinha, com certeza não era. Como não conhecíamos muito além de farinha de trigo e de milho, maisena e polvilho, poderia mesmo ser realmente algo importante que encontramos lá.

Feita a análise, por nós, cinco garotos com experiência de vida entre 7 e 9 anos... de idade, decidimos ir à delegacia e entregar o produto do crime ao delegado, que, em nossa imaginação, nos parabenizaria pelo ato heróico, chamaria a rádio e o jornal local, o prefeito, o promotor de justiça, juiz e quem mais fosse para a cerimônia de honraria aos heróis mirins de Itapiranga.

Chegando lá, os cinco heróis, Darlan, Daniel e Kéu, meus primos, e Dengo, meu amigo e vizinho da minha avó, mais eu, (esse era o grupo, se minha memória não estiver me traindo, novamente) fomos logo perguntando pelo Delegado de Polícia, com a euforia característica de um herói em seu primeiro ato.

Questionados a respeito do motivo de estarmos ali, erguemos o tal saco de pó desconhecido, em uma atitude quase de quem levanta um troféu. Um troféu pequeno, talvez meio quilo ou um pouco mais.

O policial que nos atendeu perguntou o que era aquilo, e contamos a história a ele, um interrompendo o outro, com a felicidade de quem está ajudando a humanidade a salvar-se da maldade.

Um tanto incrédulo (para não dizer completamente), o policial chamou o Delegado, que nos questionou sobre os detalhes de como conseguimos aquele saco com aquele pó, e sobre como eram os dois supostos traficantes que teriam largado a “encomenda” no “ponto de entrega”.

Nos acalmou, dizendo que poderíamos ficar tranquilos, que apesar de ter perguntado e anotado nossos nomes e os nomes dos nossos pais, não estávamos correndo qualquer risco. Seria uma investigação sigilosa! Essa palavra acendeu novamente nossa honra de heróis!

Saímos dali com a sensação de dever cumprido.

Terceiro Ato – A Descoberta

À noite, quando minha mãe, chegou em casa, já sabia do ocorrido. O Delegado avisou nossos pais, o que não era nada bom, pois levei um sermão interminável sobre os riscos de se fazer o que fizemos. Ouvi, impassível, ainda orgulhoso do que tínhamos feito, argumentando que poderíamos estar ajudando a polícia a prender bandidos, o que era compreendido por ela em termos de “se meter em encrencas”.

No dia seguinte, ficamos proibidos de sair de bicicleta. Era nossa recompensa pelo ato heróico. Ficamos em casa, imaginando ainda os frutos que poderíamos colher da atitude mal compreendida, afinal, todo herói é posto em dúvida em algum momento.

Dias depois, minha mãe deu a notícia que tanto aguardávamos: o que tinha naquele saco?

- era enxofre, meu filho! - disse ela, com um ar de tranquilidade que até pouco tempo não compreendia.

Então, foi isso. Salvamos a humanidade do terrível mal destruidor de um saco plástico com enxofre!

Mas, apesar do revés, ninguém pode tirar de nós aquele sentimento de dever cumprido, nem duvidar de que, naquele dia, fomos heróis!

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Por Marco Vicente Dotto Köhler.

29.7.11

Complicar o simples

Tem sites que parecem querer dificultar a vida de quem navaga por eles, pois estão cheios de links mas sem informar direito onde está cada coisa.

Exemplo disso, é a página da ESPN. Ótimo canal de tv, único do Brasil que transmite AMA Motocross, X-Games, coisas que nem se sabe que existe em canais da tv aberta e dos demais de esportes da tv por assinatura.

Mas o site é uma tristeza só. Na transmissão da tv o apresentador convida o telespectador a participar pelo site, informa o endereço e você acessa e simplesmente não há informação clara de onde está o local para participação.

Hoje gostaria de ter participado da transmissão, incentivando a continuidade das transmissões e também dar um pitaco de chato e reclamar da quantidade excessiva de intervalos, fazendo com que se perca quase a metade das provas que estão sendo mostradas ao vivo.

É informação demais, e ao mesmo tempo de menos. Posso estar sendo um puta chato, mas creio que deveria ser mais fácil entender o layout de um site, ainda mais um de uma rede de tv com tamanha estrutura.

Talvez sigam a filosofia de alguns professores que profetizam, para terror dos alunos: "para que simplificar, se eu posso complicar?"


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Por Marco Vicente Dotto Köhler, julho 2011

27.7.11

Meus Super Poderes

Quando criança, queria acreditar que possuía super poderes.

Isso foi aos oito, dez anos de idade, não tenho certeza. Creio que seja uma fantasia normal da e na infância.

Quais eram os tais super poderes, na verdade, não lembro direito. Traído por minha nada super poderosa memória.

Lembro bem o modo como meus poderes eram recarregados. Sim! Eram tão super power que era necessário recarregar. Só não sei como eu percebia o momento em que havia se esgotado tais forças, como percebia que precisava de recarga.

A fonte de energia dos super poderes era a luz. Pois é! Eram recarregados pelos olhos.

Mas, calma! Nunca precisei encostar a retina em uma lâmpada ou vela. Já era por wireless ou coisa que o valha. Bastavaolhar fixamente, concentrando o pensamento na recarga, e pronto!

O Sol era poderoso. Pouco mais de um segundo, e estava 100%! Provavelmente por nãoaguentar olhar fixamente para o Astro por mais tempo que isso.

O espelho noturno do Sol, nem tanto, era lento na recarga.

Na missa, minha fonte preferida de iluminação não era o evangelho ou a luz que pendia do teto, mas aquela luzinha de simulacro de vela, que ficava ao fundo, atrás do altar. Não sei bem o motivo, mas gostava de recarregar através dela.

Ou, quando havia algum casamento ou coisa assim, os spots de iluminação das filmagens, também poderosos.

Flashes de câmeras fotográficas também serviam, mas era pouco tempo de luz e a recarga era quase nula.

Será que, anos depois, quando em alguns momentos imaginava um raio laser saindo da ponta dos meus pés, com os quais eu supostamente acertava o que estava mirando, era a luz acumulada das recargas saindo?

Sei que é sorte minha meus olhos nunca terem fritado ao Sol, por olhar várias vezes por dia para ele, para recarregar as tais forças.

Ou será que foram meus supostos super poderes que os protegeram?


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Por Marco Vicente Dotto Köhler, julho 2011.

19.7.11

Injustiça no futebol

Não aguento mais ouvir que o resultado do jogo do Brasil e Paraguai foi injusto, tendo como argumento o fato de a seleção canarinho ter jogado melhor, dominado o jogo e não ter vencido, possibilitando a decisão nas penalidades.


Há tempos muito me irrita esse tipo de afirmação quando nessas circunstâncias, afinal, houve erro de arbitragem? Houve venda de resultado? Houve qualquer tipo de sacanagem, no sentido de irregularidade para que tenha sido esse resultado injusto? Pelo que se sabe, não. Houve, sim, incompetência. Nada mais.

Se, por exemplo, um time passa noventa minutos dominando o jogo, pressionando, não deixando o time adversário jogar, e, em uma única falha, leva um gol e sai derrotado, foi injusta a derrota?

Nesse caso, pode-se dizer que o resultado não refletiu a realidade da partida, pois o time que venceu não estava melhor em campo.

Por outro lado, foi mais competente, teve a chance e aproveitou, ao contrário do outro time, que não teve a competência necessária para marcar e vencer.

Agora, se há um pênalti marcado erroneamente, ou, pelo contrário, não é marcado pênalti em um lance em que a penalidade é flagrante, aí, sim, pode-se falar em injustiça.

Assim também quando há expulsões indevidas, ou não se expulsa quando se deve e tal fato influencia diretamente no resultado do jogo; quando o árbitro e/ou jogadores estão envolvidos em esquemas fraudulentos de manipulação de resultados, etc..

Portanto, creio que quando não há qualquer tipo de irregularidade, não há resultado injusto, mas premiação pela competência ou punição pela falta dela, nada mais, nada menos.

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Por Marco Vicente Dotto Köhler, 2011

15.7.11

Medo (angústia)

Há tempos quero falar sobre alguns medos que sinto e não sei se são comuns. Sim, tem os medos comuns, como de aranhas e cobras, por exemplo.

Mas o medo do qual quero falar é outro, de outro tipo, de outra origem.

No sentido sartreano, talvez não seja medo, mas angústia.

Essa angústia é a seguinte: sempre que visto uma cueca mais velha, ou uma meiajá detonada, fico torcendo para não morrer nesse dia.

Já imaginaram, na mesa de autópsia, o corpo estendido e as enfermeiras e médico legista olhando aquela figura sem vida, com uma cueca toda ferrada, e uma meia arregaçada (ou até meias de pares diferentes)?

Por outro lado, se for nessa situação, em uma mesa de autópsia, minha angústia é como vergonha alheia, pois já estarei morto, e quem vai sentir vergonha será quem for reconhecer meu corpo no IML.

Pior seria não morrer, mas acordar no hospital, depois de algum procedimento qualquer, apenas com aquela roupa típica de hospital. E a cueca velha, ou as meias com furos na ponta....

Outra angústia que me aflige é estar em uma das situações acima e estar com chulé.

Mas a que mais me atormenta, mesmo, é a cueca. Morrer, por si só, já é algo de espetacular, pois não se sabe o que vem depois - especula-se, e só! - mas morrer com cuecas velhas, ou meias arregaçadas, isso sim é assustador!


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Por Marco Vicente Dotto Köhler - julho 2011

8.5.11

Colateral

Efeitos colaterais
que vem do centro,
o âmago de tudo!

De tudo que sou,
de tudo que é você para mim,
que nada sou sem você!

Não passa, não passará!
Camuflagens frustradas
do que não se pode esconder!

Mais do que sinto por você,
me escondo de você,
pedra fundamental de minha existência!

Frágel e trôpega passagem
por esta vida, que outra coisa não é
Senão apenas existir,
sem você!

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Por Marco Vicente Dotto Köhler...

28.4.11

tudo e nada

Vejo teus olhos em outros olhos...


Teu sorriso em outras faces


Teus beijos....


Em lugar algum,


Pois nunca os tive!



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Por Marco Vicente Dotto Köhler, 2010

25.4.11

Dazed and Confused!


Se você pudesse ver nos meus olhos


A sinceridade triste que sinto,


De querer e não poder,


De poder e não saber...



A divisão que se apresenta,


Logo ali, bem à frente.


Escolhas que não se pode fazer


Feições que não se pode esquecer.



Tudo em turbilhão ao seu redor.


Claro e confuso como se afogar


Em águas límpidas... e as respostas


Naufragadas num mar de dúvidas...



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Por Marco Vicente Dotto Köhler, anos 2000

7.4.11

Segundos eternos

Me apaixonaria por você em dois segundos...


Dois segundos já passaram


Agora já foi, não tem volta!


Seja o que for, dois segundos


Já valeram uma vida toda!


Toda sua, se você deixar!


Toda nossa, se eu pudesse escolher!



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Por Marco Vicente Dotto Köher, em algum momento deste milênio

5.4.11

Olhar

Sim, agora eu vejo!


Me apaixono pelos olhos,


Pelos olhares e sorrisos!


Mas amo de verdade


Quando estão em você!


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Por Marco Vicente Dotto Köhler, abril 2011

30.3.11

O Riso das Rugas

Em meio a conversa por telefone com minha namorada, ela conta que comprou alguns cremes para limpeza de pele, etc & tal, e, por fim, diz que ganhou uma amostra grátis de creme para rugas, para dar para mim! Assim foi a conversa:

- amor! Deixa eu te falar!

- hmm!

- comprei hoje uns cremes e ganhei uma amostra grátis de um creme para rugas!

- hmm, legal!

- peguei para ti!


Espantado, atônito e acometido por um acesso de riso, agradeço irônica e sarcasticamente:


- ah! Para mim? Muito obrigado! Agora me senti bem melhor! Hahahah!

- ai, amor! Para de rir!

- é que é engraçado isso! Um creme anti-rugas!

- não!

- o que?

- não é anti-rugas! É para quem já tem rugas!

- kkkkkkkk!

- para de rir!

- kkkkk.... é que... ai.. até faltou ar! Agora piorou tudo! Me chamou de enrugado!

- não! É que o anti-rugas é para mim, que ainda não tenho, né?!

- kkkkkk! Bah! Melhor tu nem falar mais nada, cada vez piora mais para mim, não acha?

- ah... sei lá...

- kkkkkk!

- para de rir!

- ah! Imagina se fosse o contrário! Se eu dissesse pra ti que comprei um creme para rugas! Seria morte certa! Hahaha...

- claro, né!

- aí está uma grande diferença entre homens e mulheres!

- ai, amor! Só quero diminuir essas rugas aí!

- kkkkk... pára de falar que vou ter um infarto, de tanto rir! kkkkk

- viu só, são entre o nariz e a bochecha! Deve ser de tanto que tu ri!

- deve ser! Mas é melhor do que rugas de choro!

- sim, né!

- kkkkkk! Ainda bem que foi amostra grátis. Pior se tu tivesse comprado!

- sim. Ela deu uma amostra, que vou dar para minha mãe, e aí pedi outra, para ti!

- kkkkkkkkkkkkkk!

-pára de rir!...

Pois é! Essa reprodução de diálogo é fato! Aconteceu ontem. Ainda não consigo não rir ao lembrar. Assim, vou rindo e me enrugando! Mas pelo menos são rugas risonhas, das quais eu rio na maior alegria!!





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Por Marco Vicente Dotto Köhler, março 2011

10.2.11

Silêncio

Silêncio... e só.

Vozes, pensamentos...

Nada!

Silêncio, e só!

Escuridão? Talvez...

Silêncio...

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Por Marco Vicente Dotto Köhler, fevereiro 2011

1.2.11

Senhor Madruga e o eterno aluguel

O Senhor Madruga nunca paga os aluguéis? Mentira!
Não só uma mentira, mas a maior mentira que já vi na TV.
Ele paga todos os meses, religiosamente.
Está sempre devendo os eternos catorze meses
de aluguel, portanto, paga todos os meses, em dia.
Do contrário, já estaria devendo pelo menos
uns setenta e dois meses.
O que aconteceu, provavelmente, é que atrasou alguns,
pagou outros, atrasou de novo, até chegar até os catorze.
Depois, conseguiu pagar sempre em dia, mas não
conseguiu pagar aqueles eternos atrasados.
A não ser que, em uma teoria mais metafíscia, estejam
todos da Vila presos no tempo, e ficam vivendo sempre no
mesmo mês.

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Por Marco Vicente Dotto Köhler, 2011

24.1.11

Pipas e sonhos...

Vi uma cruz sepulcral nos fios de energia na rua.
Era apenas o esqueleto de uma pequena pipa que ali se prendeu.
E era o sepulcro de um pequeno sonho repousado estático sobre a alta tensão, interte.
O vento já nao faz diferença, passa por entre os resquícios de voos e vai embora, sem fazer aquelas varetas alçarem voo e alcançarem o céu, levando consigo o menino que empunhava a corda que prendia a pipa à terra, e ao mesmo tempo elevava a criança aos céus, no embalo dos ventos...
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Por Marco Vicente Dotto Kohler, 2011

22.1.11


O texto abaixo, apesar de modificado para o blog, é parte de um livro que há algum tempo estou escrevendo, o qual surgiu inspirado em uma história, mas que está sendo sobre várias... parte considerável é autobiográfica, parte apenas verossímil com vivências e resquícios de lembranças e impressões do que vivi. O restante, só literatura...


CAPÍTULO I



Então é isso, pensou Artur, coberto por um pala de lã de carneiro já surrado pelo tempo, sentado na antiga cadeira de balanço, que antes já fora uma bela e vigorosa árvore de jacarandá, como aquela no pátio gramado em frente a varanda da casa, onde estava a observar os raios do sol a derreter o orvalho naquele úmido e ensolarado alvorecer de outono.


Pegou a garrafa térmica que estava no chão, derramou a água quente na cuia, observando o revolver e sentindo o cheiro da erva-mate.


Quase como se fosse um ritual, ajeitou, cuidadosamente, a cuia em suas mãos de pele fina e enrugada, mexeu na bomba e começou a sorver.


Sorveu não só a água do chimarrão, que agora lhe aquecia o corpo, mas também lembranças dos áureos tempos, o que lhe aquecia a alma e o coração.


Então é isso, resmungou ele para si mesmo, entre um gole e outro, como se tivesse descoberto, lá no fundo de sua mente, algo valiosíssimo.


Deparou-se, de repente, com Diego, seu primo, amigo e irmão, a lhe contar peripécias inimagináveis. Mas sabia que eram lembranças, e que era o tempo a lhe pregar uma peça.


*


A lembrança de Diego sentou-se ao seu lado e ficou a olhá-lo, parecendo saber exatamente o que estava ele a pensar – e sentir – em suas lembranças. Ou apenas, quem sabe, esperando que lhe fosse oferecida uma cuia de mate, bem quente, como gostava...


De tão viva, quase palpável parecia ser aquela lembrança ali ao seu lado, com seus cabelos dourados compridos, como quando da última vez que o vira.


Após alguns instantes de lembranças nostálgicas, em que pensou pela milionésima vez no que poderia ter feito e não fez em algumas situações que determinariam o rumo de sua vida, principalmente sua vida amorosa, se viu pensando alto, como se Diego estivesse de fato ao seu lado:


- pois é, Diego, a vida é assim mesmo. Deixa-se para depois, e quando se percebe, o depois já é passado, e no passado não se faz mais nada, não se mexe. Aí, corre-se o risco de esse nada, um vazio, ser a parte maior de nossa vida.


Novamente, seu amigo nada lhe disse. Apenas sorriu, levantou-se e saiu calmamente, descendo os degraus da varanda e atravessando o gramado, sem acenar nem olhar para trás. Apenas se foi. Mas Artur sabia que hora ou outra ele voltaria para lhe fazer companhia, mesmo que apenas por alguns minutos, que eram minutos de uma felicidade um tanto distorcida, borrada, mas, ainda assim, de felicidade.


Sim, de felicidade, talvez pelo fato de Artur saber que Diego de fato não estivera ali, que era apenas uma lembrança, talvez um espectro ou uma projeção sua, pois há praticamente meio século aqueles cabelos dourados haviam sido deixados sete palmos abaixo da terra, em uma triste cerimônia de despedida em um cemitério repleto de jovens, amigos, colegas e familiares, desesperadamente tristes e desolados por terem que se despedir de forma tão abrupta daquele amigo tão querido, daquele que mesmo em situações difíceis sempre sorria e levava ânimo a todos com um brilho estranhamente esperançoso no olhar.


Olhar que se esvaiu, que se perdeu no infinito das possibilidades, agora póstumas e inalcançáveis para aquele olhar, deixando muita saudade.


Mas as inúmeras, as incontáveis boas lembranças serviam de consolo sempre que a saudade beirava o insuportável, como se mesmo distante, Diego continuasse se dedicando a sorrir e trazer ânimo, alegria e força para que se continuasse em frente, mesmo que a cada dia ele ficasse mais distante, e ainda assim, tão próximo...




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por Marco Vicente Dotto Kohler, em...