A partir de hoje vou publicar também alguns contos de minha autoria. Espero que as pessoas que lerem digam alguma coisa. Não se acanhem. Podem criticar; sugerir; comentar; e até elogiar, se for o caso.
Aí está o primeiro deles:
Outro lugar qualquer
O garoto saiu da casa de sua namorada. Despediram-se, na calçada, em frente ao portão, e então ele iniciou sua volta para casa.
Havia percorrido pouco mais de uma quadra quando passou por ele um táxi. Nada demais não fossem as cores do carro – preto com teto verde-água e letras em branco – estranhas às cores dos táxis de sua cidade. Parecia até ser de outro país. não deu muita importância a isso. Continuou caminhando.
Um pouco à frente viu um senhor lendo um jornal na varanda de uma casa, que parecia ser dele. Era um jornal que o garoto não conhecia, viu a manchete mas não conseguiu entender o que leu, pois era escrito em um idioma estrangeiro, incompreensível para ele. Estranhou um pouco, franzindo a testa, pensativo. Manteve o rumo de casa.
Já na quadra seguinte, encontrou um grupo de pessoas que seguiam em direção oposta à dele conversando em voz alta, quase aos gritos, e rindo. Mas não estavam falando a língua do país do garoto e por isso ele não entendeu nada, mas imaginou que fosse o mesmo idioma do jornal que vira aquele senhor lendo um pouco antes.
Um pouco confuso, voltou à casa de sua namorada, apertou o botão do interfone, aguardou resposta. Alguns instantes depois ouviu uma voz e reconheceu-a imediatamente. Era a sua namorada. Mas não foi possível entender o que ela dizia pois parecia estar falando o mesmo idioma daquele grupo que havia encontrado há pouco.
Perplexo, e sem dizer uma palavra em resposta à voz que ouviu pelo interfone, deu meia-volta e retomou o caminho de casa.
Seguiu pelas mesmas ruas que havia passado antes, mas desta vez sem ver ninguém, nem o sr. do jornal ou mesmo outro táxi.
Poucos minutos depois estava chegando em casa. Os cachorros o receberam com festa, mas ele não entendeu o que queriam dizer com aqueles latidos. Nunca antes havia entendido.
Entrou em casa, ligou algumas luzes, abriu uma garrafa térmica, que continha o café que havia preparado há algumas horas, encheu uma xícara, foi até a sala e sentou-se à frente da TV. Com o controle remoto do aparelho na mão e a xícara na outra, hesitava entre ligar a TV ou levar à boca a xícara.
Pensou e, com medo de na TV também estarem todos falando aquele estranho idioma, decidiu não ligá-la, deixou a xícara na mesinha, ao lado, e foi dormir.
Talvez de manhã, quando acordasse, tudo já teria voltado ao normal e assim ele poderia novamente entender alguma coisa.
Marco Vicente Dotto Köhler – todos os direitos reservados.
Havia percorrido pouco mais de uma quadra quando passou por ele um táxi. Nada demais não fossem as cores do carro – preto com teto verde-água e letras em branco – estranhas às cores dos táxis de sua cidade. Parecia até ser de outro país. não deu muita importância a isso. Continuou caminhando.
Um pouco à frente viu um senhor lendo um jornal na varanda de uma casa, que parecia ser dele. Era um jornal que o garoto não conhecia, viu a manchete mas não conseguiu entender o que leu, pois era escrito em um idioma estrangeiro, incompreensível para ele. Estranhou um pouco, franzindo a testa, pensativo. Manteve o rumo de casa.
Já na quadra seguinte, encontrou um grupo de pessoas que seguiam em direção oposta à dele conversando em voz alta, quase aos gritos, e rindo. Mas não estavam falando a língua do país do garoto e por isso ele não entendeu nada, mas imaginou que fosse o mesmo idioma do jornal que vira aquele senhor lendo um pouco antes.
Um pouco confuso, voltou à casa de sua namorada, apertou o botão do interfone, aguardou resposta. Alguns instantes depois ouviu uma voz e reconheceu-a imediatamente. Era a sua namorada. Mas não foi possível entender o que ela dizia pois parecia estar falando o mesmo idioma daquele grupo que havia encontrado há pouco.
Perplexo, e sem dizer uma palavra em resposta à voz que ouviu pelo interfone, deu meia-volta e retomou o caminho de casa.
Seguiu pelas mesmas ruas que havia passado antes, mas desta vez sem ver ninguém, nem o sr. do jornal ou mesmo outro táxi.
Poucos minutos depois estava chegando em casa. Os cachorros o receberam com festa, mas ele não entendeu o que queriam dizer com aqueles latidos. Nunca antes havia entendido.
Entrou em casa, ligou algumas luzes, abriu uma garrafa térmica, que continha o café que havia preparado há algumas horas, encheu uma xícara, foi até a sala e sentou-se à frente da TV. Com o controle remoto do aparelho na mão e a xícara na outra, hesitava entre ligar a TV ou levar à boca a xícara.
Pensou e, com medo de na TV também estarem todos falando aquele estranho idioma, decidiu não ligá-la, deixou a xícara na mesinha, ao lado, e foi dormir.
Talvez de manhã, quando acordasse, tudo já teria voltado ao normal e assim ele poderia novamente entender alguma coisa.
Marco Vicente Dotto Köhler – todos os direitos reservados.
2 comentários:
Bah, Marco... incrível! Sinceramente, sem comentários, dá pra fazer um milhão de interpretações com o seu conto.
Muito bom...
será que ele era um alienigena sequelado andando pela terra???
muito bom mesmo...
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