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15.7.11

Medo (angústia)

Há tempos quero falar sobre alguns medos que sinto e não sei se são comuns. Sim, tem os medos comuns, como de aranhas e cobras, por exemplo.

Mas o medo do qual quero falar é outro, de outro tipo, de outra origem.

No sentido sartreano, talvez não seja medo, mas angústia.

Essa angústia é a seguinte: sempre que visto uma cueca mais velha, ou uma meiajá detonada, fico torcendo para não morrer nesse dia.

Já imaginaram, na mesa de autópsia, o corpo estendido e as enfermeiras e médico legista olhando aquela figura sem vida, com uma cueca toda ferrada, e uma meia arregaçada (ou até meias de pares diferentes)?

Por outro lado, se for nessa situação, em uma mesa de autópsia, minha angústia é como vergonha alheia, pois já estarei morto, e quem vai sentir vergonha será quem for reconhecer meu corpo no IML.

Pior seria não morrer, mas acordar no hospital, depois de algum procedimento qualquer, apenas com aquela roupa típica de hospital. E a cueca velha, ou as meias com furos na ponta....

Outra angústia que me aflige é estar em uma das situações acima e estar com chulé.

Mas a que mais me atormenta, mesmo, é a cueca. Morrer, por si só, já é algo de espetacular, pois não se sabe o que vem depois - especula-se, e só! - mas morrer com cuecas velhas, ou meias arregaçadas, isso sim é assustador!


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Por Marco Vicente Dotto Köhler - julho 2011

Um comentário:

Kelvim Vargas Inácio disse...

Muito bom!
Isso já me passou pela cabeça também..
Bom mesmo.
Abraço!