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24.8.07

no final da rua...

Ele guardou o telefone no bolso, fechou os olhos e foi para o meio da rua escura. Esperava de bom grado qualquer coisa que viesse: um carro, um assaltante, um buraco.
Deixou que suas pernas o levassem, sem questioná-las sobre o destino. Apenas caminhou, sem ver, sem saber, sem sentir, anestesiado pelo que ouvira segundos antes, ao telefone, e sabia que fora a última vez que ouviria a voz da moça a quem entregara o seu coração, que foi por ela devolvido.
Mas isso agora não mais importava. Queria apenas sair daquele lugar, que era ele mesmo. Queria sair de si, para parar logo de sentir aquela dor.
Por outro lado, queria ficar exatamente onde estava, com toda a dor, pois era agora a dor o elo com a moça. E ele não queria esquecê-la, porque a esperança é uma desgraça.
Muitos pensamentos lhe vinham à mente, mas apenas um rosto, o rosto da moça, e sua voz, doce, suave, linda e inesquecível, que dizia “adeus”.
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Por Marco Vicente Dotto Köhler

4 comentários:

Flavia Melissa disse...

eu morro por finais felizes. arranco um pouco do que tem aqui dentro, embrulho em fita dourada e me dôo por um "...e foram felizes para sempre...".
eu morro e rebolo e me enrolo inteira acreditando no pote de ouro no final de arco-íris...

será?
beijos :)

Flavia Melissa disse...

prá que explicações físicas se a gente pode acreditar no que quiser? prá que realidade se a gente pode inventar a nossa, do jeitinho que a gente sonha?

é, talvez este seja o problema por essas bandas de cá: de tudo o que existe, a realidade é o menos importante...

beijos :)

Flavia Melissa disse...

ah, e já ia me esquecendo: vê se não demora tanto prá postar, né, pô?!

Anônimo disse...

Aí, a dor como elo de ligação entre duas pessoas, ainda não havia pensando nisso. Também achei interessante a consideração a respeito da esperança, que vai contra tudo que até então se pensou a respeito. Sentir esperança talvez seja sinal de fraqueza, por isso pode ser uma desgraça também, além é claro de que a esperança não é algo tão invulnerável nos dias de hoje...
Bem, parece-me também o relato que fizeste algo um tanto quanto pessoal...
Abraço!
Jailson Marangoni