Um certo dia a nostalgia bateu à porta, trazendo, disfarçada, a saudade, que, em verdade, funde-se com lembranças, formando a própria nostalgia.
Primos, amigos e conhecidos, que antes se viam com grande freqüência, às vezes até diariamente e hoje, pelo que se observa, vêem-se quase somente em velórios e casamentos, oportunidades (principalmente nos velórios) em que prometem ver-se mais seguidamente, não deixando passar tanto tempo entre uma vez e outra que se visitam - se é que não se vêem somente em velórios e casamentos.
Primos, amigos e conhecidos, que antes se viam com grande freqüência, às vezes até diariamente e hoje, pelo que se observa, vêem-se quase somente em velórios e casamentos, oportunidades (principalmente nos velórios) em que prometem ver-se mais seguidamente, não deixando passar tanto tempo entre uma vez e outra que se visitam - se é que não se vêem somente em velórios e casamentos.
Mas é assim mesmo que as coisas são. Com o tempo, o próprio tempo nos consome, deixando-nos ao seu próprio sabor, como se fôssemos um pequeno barco a velas navegando sem velas pelo mar do tempo.
Talvez a próxima vez que houver esse re-encontro seja no meu velório, ou casamento. Quem pode saber?
Talvez a próxima vez que houver esse re-encontro seja no meu velório, ou casamento. Quem pode saber?
Diz-se que o tempo passa mais depressa conforme envelhecemos e, após atingirmos um certo estágio nesse envelhecimento, ele volta a andar a passos lentos.
Por enquanto, como os passos dados são largos e rápidos, vou tentando me adequar a essa velocidade, às vezes tentando freá-lo, mesmo sabendo ser esforço inútil. Às vezes corro, na tentativa de igualar a velocidade empreendida pelo tempo, mas também não é possível, pois ele corre de forma cíclica, mas nunca se sabe em que ciclo está, o que faz com que me sinta tonto com facilidade, forçando-me a diminuir o passo e torcer para que o alcance, ou, ao menos consiga me sincronizar, em uma dessas partes curvilíneo-temporais que nos aguardam logo à frente.
Por enquanto, como os passos dados são largos e rápidos, vou tentando me adequar a essa velocidade, às vezes tentando freá-lo, mesmo sabendo ser esforço inútil. Às vezes corro, na tentativa de igualar a velocidade empreendida pelo tempo, mas também não é possível, pois ele corre de forma cíclica, mas nunca se sabe em que ciclo está, o que faz com que me sinta tonto com facilidade, forçando-me a diminuir o passo e torcer para que o alcance, ou, ao menos consiga me sincronizar, em uma dessas partes curvilíneo-temporais que nos aguardam logo à frente.
Não deu tempo nem de oferecer, à nostalgia um chá ou um sanduíche para viagem. A visita foi breve. Foi embora logo, dizendo que precisa visitar muitos ainda hoje. Sem falta.
Deixou para mim algumas boas lembranças para me fazer companhia até a próxima visita, que não sei quando será. Creio que não demore muito, pois também ela parece sentir que se não fizer essas visitas, será também consumida pelo tempo e deixada para trás, nostálgica.
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Por Marco Vicente Dotto Köhler, em algum dia nostálgico de 200__
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