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24.8.07

no final da rua...

Ele guardou o telefone no bolso, fechou os olhos e foi para o meio da rua escura. Esperava de bom grado qualquer coisa que viesse: um carro, um assaltante, um buraco.
Deixou que suas pernas o levassem, sem questioná-las sobre o destino. Apenas caminhou, sem ver, sem saber, sem sentir, anestesiado pelo que ouvira segundos antes, ao telefone, e sabia que fora a última vez que ouviria a voz da moça a quem entregara o seu coração, que foi por ela devolvido.
Mas isso agora não mais importava. Queria apenas sair daquele lugar, que era ele mesmo. Queria sair de si, para parar logo de sentir aquela dor.
Por outro lado, queria ficar exatamente onde estava, com toda a dor, pois era agora a dor o elo com a moça. E ele não queria esquecê-la, porque a esperança é uma desgraça.
Muitos pensamentos lhe vinham à mente, mas apenas um rosto, o rosto da moça, e sua voz, doce, suave, linda e inesquecível, que dizia “adeus”.
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Por Marco Vicente Dotto Köhler

19.8.07

coisas... são assim.

Estou com saudade de gostar de você,
Estou precisando gostar de você
O que sei sobre o que preciso?
Quem sabe o que alguém precisa?

Quem é você afinal?
Onde está você?
Onde você existe?
Em meus pensamentos
Você parecia ser tão real!

Você lembra de mim?
De algo que eu lhe disse?
Você pode ao menos me dizer
Se eu existo?

Tantas coisas, tantos vazios,
Tantas estações...
Você desceu e eu não vi?

Tantos dias, tantas solidões...
Tantos sonhos, tantas lágrimas em vão,
Que se vão...
Mas deixam as marcas na erosão do tempo
Corrosivo, curativo, corroído.

Feridas curadas.
Cicatrizes que não nos esquecerão...

O tempo que ganhamos, O tempo que ficou...
As noites perdidas, Os dias que virão.

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Por Marco Vicente Dotto Köhler