Será que as pessoas são
definidas pelos seus nomes? Seria eu uma pessoa diferente se tivesse sido
registrado com um nome diferente? Ou meu amigo Kelvim, que até escreveu um
texto em seu site sobre a visão que tem de seu próprio nome, quem seria ele se,
por exemplo, se fosse Paulo seu nome? Pergunto-me se Jimi Hendrix fosse
chamado, sei lá, de Wilian Foster, ou outro qualquer, teríamos tido a revolução
na forma de tocar guitarra que foi feita por Hendrix?
Creio que seja difícil
responder a essas questões, pois envolvem muitas outras, que geram outras
tantas e no fim acarreta um emaranhado de possibilidades, filosofias, pontos de
vista religioso-metafísicos que não sei se seria possível chegar a uma
conclusão plausível.
No entanto, posso falar por
mim. Luiz Alberto, meu pai, tem dois irmãos que morreram de forma trágica, são
eles João Vicente e Marco Antônio. Este, falecido apenas dois anos antes de meu
nascimento.
Assim, meu pai queria, a
princípio, homenagea-lo batizando seu filho, eu, com este nome. Minha mãe, Ana
Elisa, não se sentiu à vontade, pois achou que era muito recente a morte do
Ico, como todos chamavam o Marco Antônio.
Meu pai sugeriu, então,
João Vicente, mas novamente minha mãe torceu o nariz, pois disse não conseguir
imaginar um filho com nome João, mas que gostava de Vicente. Decidiram, então,
mesclar os dois nomes e me batizaram assim, Marco Vicente.
De fato, identifico-me com
este nome, Marco Vicente, obviamente, por ser meu nome, mas também, talvez,
pela história por trás dele, que acaba remetendo a outras histórias e criando
um vínculo estranho com esses tios que não conheci, o que, certamente,
influenciou de alguma forma minha personalidade, pois eu crer, quando criança,
que tinha uma ligação cósmica, cármica, ou coisa assim, com o tio Marco
Antônio, indubitavelmente contribuiu para eu ser quem sou hoje.
Mas essa não é toda a
história. Meu nome, se dependesse exclusivamente da vontade da Sra. Ana Elisa
(com "esse", pois se escrever com "zê", ela não gosta!), seria
outro, muito estranho: seria... na verdade, é difícil dizer, melhor nem falar,
pois não consigo imaginar-me sendo chamado do jeito que seria, ou pelas
variações de apelidos que gerariam e, acredite, eu teria sofrido muito
"bulling" caso fosse batizado com nome indizível que minha mãe
queria.
Então, acredito que, sim, o
nome pode ser fundamental para definir uma pessoa, mas individualmente, não de
forma rotulada e genérica, como uma tabela:
todos os Marco são assim; todas as Maria são assim, etc.
Talvez tenha deixado
curioso o leitor ou leitora, e vou revelar o nome que minha mãe queria para
mim: meu nome seria U... vou respirar fundo e tentar de novo: seria U...
Desculpe, mas só de pensar que poderia ter sido chamado assim, sinto um frio na
espinha e um pensamento me assombra: eu poderia não ser eu mesmo e, portanto,
não existir da forma que existo, pelo simples fato de me chamar U...
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Por Marco Vicente Dotto Köhler, agosto de 2013