Estamos no ano de 2007. Eu sou o que sou. Se, por exemplo, no ano de 2030 o Homem conseguir fazer uma viagem no tempo e, digamos, voltar para o ano de 1972 e lá ocorrer alguma mudança na História, seja ela municipal ou mundial, esse “eu” de hoje, 2007, é (sou) “o eu” já como decorrência dessa alteração na História? Pois, afinal, o ano de 1972 já passou, quer ele tenha ou não sido alterado por viajantes no tempo.
E, tanto faz se eu sou o eu da História alterada ou não, não saberei se foi ou não alterada, porque estamos em 2007 e a viagem no tempo ainda não aconteceu.
De fato, aconteceu a intervenção no passado (1972) causada por uma viagem no tempo no ano de 2030. Como estamos em 2007, ainda não sabemos dessa viagem, mas já somos fruto do futuro, que interveio no passado, mas no presente ainda não sabemos disso.
Se em 2030 se chegar a ter a tecnologia para voltar no tempo é porque isso é fruto de estudos, da evolução da ciência e da História humana.
No entanto, se chegou a tal conhecimento pela história em sua linha natural que, se alterada por uma viagem no tempo, talvez nunca se chegue a tal tecnologia, justamente pelo fato de a História em seu curso natural (a qual levou o ser humano à tecnologia para viajar no tempo) ter sido alterada.
Assim, tem-se que o passado foi alterado pelo futuro, mediante uma viagem no tempo, e alterou o presente e, conseqüentemente, o futuro. Se essa alteração se deu a ponto de no futuro alterado não se chegar a ter o conhecimento suficiente para se voltar no tempo, não saberemos que na História “natural” se voltou no tempo e esta foi alterada e essa alteração gerou uma história “alterada”, sendo, portanto, esta História, dita alterada, considerada como a própria História natural, pois é ignorada, é desconhecida a alteração ocorrida pela viagem no tempo.
Deste modo, temos dois futuros paralelos. Um, alterou o passado e parou. O outro é a continuidade desse passado alterado.
De qualquer jeito, não saberemos se o presente é fruto somente do passado ou se do passado alterado pelo futuro em uma viagem no tempo. Podemos ser filhos do futuro.
E isso tudo é uma loucura.
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Por Marco Vicente Dotto Köhler. Outubro de 2007.