Ele guardou o telefone no bolso, fechou os olhos e foi para o meio da rua escura. Esperava de bom grado qualquer coisa que viesse: um carro, um assaltante, um buraco.
Deixou que suas pernas o levassem, sem questioná-las sobre o destino. Apenas caminhou, sem ver, sem saber, sem sentir, anestesiado pelo que ouvira segundos antes, ao telefone, e sabia que fora a última vez que ouviria a voz da moça a quem entregara o seu coração, que foi por ela devolvido.
Mas isso agora não mais importava. Queria apenas sair daquele lugar, que era ele mesmo. Queria sair de si, para parar logo de sentir aquela dor.
Mas isso agora não mais importava. Queria apenas sair daquele lugar, que era ele mesmo. Queria sair de si, para parar logo de sentir aquela dor.
Por outro lado, queria ficar exatamente onde estava, com toda a dor, pois era agora a dor o elo com a moça. E ele não queria esquecê-la, porque a esperança é uma desgraça.
Muitos pensamentos lhe vinham à mente, mas apenas um rosto, o rosto da moça, e sua voz, doce, suave, linda e inesquecível, que dizia “adeus”.
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Por Marco Vicente Dotto Köhler