Pesquise

31.10.07

Barbas de molho?

Hoje de madrugada enquanto penteava minha barba, pensei “será que o Fidel penteou a barba quando dominou Cuba?”.
Mas que barbaridade perder tempo pensando uma coisa dessas!
Madrugada será um monte de Madruga?
Se o tempo não é meu, como posso perdê-lo?
Por falar em barbaridade, lembrei do nome Bárbara. As Bárbara são bárbaras bárbaras, ou o inverso?
Sim, há uma lógica absurdamente bárbara nisso aí: as Bárbara são barbáries bárbaras ou bárbaras barbáries?
Mas, pelas barbas do profeta (ou pela do Fidel, se penteada), o que isso importa?
Se é importado, é barbarismo?
Que barbeiragem literária! Sou mesmo um barbato sem barbeiro. E sem chagas.
___________________________
De tão abarbado vou ficar abarbelado.
Mas não me abarbilhe, que sou só um barbato
Barbarizado sem tempo para barbeação.
___
Por Marco Vicente Dotto Köhler, em 31/10/2005.

27.10.07

Viagem no tempo...

Estamos no ano de 2007. Eu sou o que sou. Se, por exemplo, no ano de 2030 o Homem conseguir fazer uma viagem no tempo e, digamos, voltar para o ano de 1972 e lá ocorrer alguma mudança na História, seja ela municipal ou mundial, esse “eu” de hoje, 2007, é (sou) “o eu” já como decorrência dessa alteração na História? Pois, afinal, o ano de 1972 já passou, quer ele tenha ou não sido alterado por viajantes no tempo.

E, tanto faz se eu sou o eu da História alterada ou não, não saberei se foi ou não alterada, porque estamos em 2007 e a viagem no tempo ainda não aconteceu.

De fato, aconteceu a intervenção no passado (1972) causada por uma viagem no tempo no ano de 2030. Como estamos em 2007, ainda não sabemos dessa viagem, mas já somos fruto do futuro, que interveio no passado, mas no presente ainda não sabemos disso.

Se em 2030 se chegar a ter a tecnologia para voltar no tempo é porque isso é fruto de estudos, da evolução da ciência e da História humana.

No entanto, se chegou a tal conhecimento pela história em sua linha natural que, se alterada por uma viagem no tempo, talvez nunca se chegue a tal tecnologia, justamente pelo fato de a História em seu curso natural (a qual levou o ser humano à tecnologia para viajar no tempo) ter sido alterada.

Assim, tem-se que o passado foi alterado pelo futuro, mediante uma viagem no tempo, e alterou o presente e, conseqüentemente, o futuro. Se essa alteração se deu a ponto de no futuro alterado não se chegar a ter o conhecimento suficiente para se voltar no tempo, não saberemos que na História “natural” se voltou no tempo e esta foi alterada e essa alteração gerou uma história “alterada”, sendo, portanto, esta História, dita alterada, considerada como a própria História natural, pois é ignorada, é desconhecida a alteração ocorrida pela viagem no tempo.
Deste modo, temos dois futuros paralelos. Um, alterou o passado e parou. O outro é a continuidade desse passado alterado.

De qualquer jeito, não saberemos se o presente é fruto somente do passado ou se do passado alterado pelo futuro em uma viagem no tempo. Podemos ser filhos do futuro.
E isso tudo é uma loucura.

____
Por Marco Vicente Dotto Köhler. Outubro de 2007.

19.10.07

E agora? (é agora)

Já se foi o tempo de sonhar,
De esperar um futuro melhor sem nada fazer,
Como quem aguarda o trem passar pelo trilho à sua frente,
Esperando o último vagão para embarcar
Imaginando que, já cansada, vá conseguir se agarrar.

Mas para você o trem não vai parar.
Acorde do seu sonho e vá até a estação,
Para não precisar tentar pegá-lo em movimento.

Se você se atrasar só conseguirá atravessar o trilho.
E em seu pequeno eterno vagão imóvel irá repousar.

Acorde logo ou entãoa lugar nenhum você irá.
____
Por Marco Vicente Dotto Köhler, em julho de 2002.

9.10.07

Queda livre

Chego à beira do abismo.
Penso na queda livre.
Ansiedade e saudade:
Alianças sem valor.

Sentimentos passageiros
Mostram o que não sei.
Sorrindo na queda livre,
Sem medo nem amor.

Tudo envolve todos nessa teia,
E apenas nos deixa mais confusos.
Nadamos contra a corrente,
Desafiando os covardes sem coragem de sonhar.

Sorrindo na queda livre,
Nem vivo nem morto, apenas caindo.
Sorrindo na queda livre,
Nem vivo nem morto, apenas sorrindo.

E o que nos resta é pensar no que passou.
Ou abrir o pára-quedas.
E quando menos se espera
O tempo acaba e a queda chega ao fim.

E não resta mais nada para fazer,
Tivemos nossa chance.

E não resta mais nada a fazer,
Nossa chance passou,
Como se já não soubéssemos
Que era nossa única chance.

Vamos deixar o que passou,
Esperar o que virá,
Vivendo o dia de hoje.

É só o que temos.
E não sabemos
Se realmente é nosso.

_____
por Marco Vicente Dotto Köhler

2.10.07

um castigo e um perdão

Ele cedeu à própria dúvida e acabou por trair sua noiva, e assim traiu a si mesmo.
A noiva soube, mas o amava tanto que o perdoou, o que fez aumentar a culpa daquele pobre homem, que não se perdoava pelo que fizera a quem o amava daquele jeito, de forma incondicional.
Pensou em não se casar com aquela moça, por não ser digno de seu amor, mas era ainda menos merecedor de não fazê-la feliz. Então, fez com que sua mulher o amasse cada dia mais, até o fim de seus dias, o que, para ele, era um castigo e um perdão.
O amor, portanto, era céu e inferno juntos, em harmonia perfeitamente dolorosa.